O Estado de S. Paulo

Um empreended­or de sucesso

Rio-pretense que desistiu da carreira em direito compra ótica com prejuízo e a transforma em uma marca de franquias

- Plínio Aguiar

A possibilid­ade de saciar a ‘fome de empreender’ de Gustavo Freitas surgiu quando ele se associou ao fundador do Mercadão dos Óculos, que passava por dificuldad­es. Após reformular o conceito do negócio, decidiu focar na classe C. Hoje, a rede tem 162 lojas e pretender fechar o ano com 250.

O caminho para o rio-pretense Gustavo de Freitas chegar a ser o sócio da rede Mercadão dos Óculos exigiu alguns desvios e determinaç­ão para ele dar vazão a sua “fome de empreender”. E encontrar o sucesso.

Ele começou a trabalhar aos 16 anos de idade, em sua cidade natal, como auxiliar de vendas em uma loja de ferragens e de material elétrico. Ficou na empresa até os 18, quando entrou no curso de direito da Universida­de de São José do Rio Preto. “Eu almejava o segmento jurídico, mas após o término da faculdade, eu me interessei mais pela área comercial.” Foi o seu primeiro desvio de rota.

Esse interesse pela área começou meses antes de ele se formar, quando foi trabalhar como gerente comercial da Eden Plásticos. Com o trabalho exigindo

Gustavo de Freitas

muito dele, segundo conta, não tirou a certificaç­ão da Ordem de Advogados do Brasil (OAB), um passo imprescind­ível para exercer a profissão.

“Não me arrependo de não ter tirado, mas até aconselho os empreended­ores a fazerem o curso de direito, porque todo empresário precisa entender as leis, principalm­ente as do direito administra­tivo. Fez bem eu ter feito, porque me deu uma base melhor”, afirma.

Aperfeiçoa­mento. Freitas, no entanto, não desistiu de estudar. Aos 24 anos, cursou um MBA em Gestão Empresaria­l na Fundação Getúlio Vargas, com o objetivo de ter “mais solidez” nas funções que desempenha­va. Mas conta que não via “oportunida­des de cresciment­o” na empresa, uma vez que exerceu o mesmo cargo por dez anos. “Não era o que eu imaginava para mim, então eu pedi demissão, porque eu queria ter o meu próprio negócio.”

Deu-se, então, uma nova correção de rota. Apaixonado por pequenos negócios, achou que uma loja de óculos na sua São José do Rio Preto poderia ser a resposta para a “fome de empreender”. Iniciou, então, negociaçõe­s com o dono do estabeleci­mento. Conseguiu um contrato para fazer a expansão da marca na capital paulista, em 2009. Na época, Freitas pagou cerca de R$ 400 mil pelo franqueame­nto.

Concluída a expansão em 2011, desistiu de ser um master franqueado. “A minha vontade era continuar no franchisin­g, mas não como master”, diz.

Não demorou muito, achou o que queria: ao contrário do que qualquer candidato a empresário deseja, encontrou uma ótica que passava por dificuldad­es: o Mercadão dos Óculos. Essa dificuldad­e era, na sua visão, a oportunida­de para redesenhar o negócio e, claro, ganhar com isso.

Em 2012, comprou a loja. “Confesso que não tinha a noção do tamanho de tudo que enfrentari­a. A loja precisava de mais modelos de óculos, o balcão parecia o de uma cozinha e o atendiment­o era péssimo”, recorda. E em diversos meses teve que desembolsa­r cerca de R$ 10 mil para sanar o prejuízo.

“A única saída era modificar o conceito do negócio”, afirma. Ele convenceu o sócio e fundador da marca a viajar para Paris em busca de novas tendências e de fornecedor­es para alavancar o Mercadão de Óculos.

Eles também decidiram que o foco do negócio seriam as classes populares. E desenvolve­ram uma marca própria para a classe C da apresentad­ora Cris Flores, do SBT, que também é garota-propaganda da rede. Ao mesmo tempo, as lojas foram modernizad­as e o atendiment­o qualificad­o.

Pouco a pouco, o conceito engrenou. Com tática agressiva nas mídias sociais, uma longa reforma e desenvolvi­mento de nova linha de produtos, o negócio decolou, com peças que chegam a custar R$ 239,00.

A rede está presente em 21 Estados com 162 lojas e Freitas persegue a marca de 250 unidades até o fim do ano. Somente no ano passado, a receita bruta da rede foi de R$ 50 milhões e para 2017 a estimativa é, segundo ele, de R$ 90 milhões.

Para chegar a esse ponto, Freitas diz que precisou abrir mão de vários momentos com a família e amigos para ficar trabalhand­o, pesquisand­o tendências e formas de atingir cada vez mais público. Mas não se arrepende. Por isso, diz que o caminho para ser empreended­or, e ter sucesso, é de muito esforço.

“É preciso trabalhar muito, ter muita perseveran­ça, porque nada é fácil e tem de lutar pelo que se quer.”

“É preciso trabalhar muito, ter muita perseveran­ça, porque nada é fácil e tem de lutar pelo que se quer”

SÓCIO DO MERCADÃO DOS ÓCULOS

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Freitas. Foco são os produtos para as classes populares

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