O Estado de S. Paulo

TJ-MG mantém condenação de Eduardo Azeredo

No mensalão mineiro, Azeredo é acusado de lavagem de dinheiro; tucano vai recorrer

- Leonardo Augusto

Acusado de lavagem de dinheiro e peculato no mensalão mineiro, o exgovernad­or foi condenado, em 2015, a 20 anos e 10 meses de prisão. A pena foi reduzida em nove meses. Ainda cabe recurso.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) confirmou ontem a condenação de primeira instância do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB), acusado dos crimes de lavagem de dinheiro e peculato, no esquema conhecido como mensalão mineiro.

O julgamento foi concluído por volta de 0h30 de hoje. Dois desembarga­dores votaram pela manutenção da decisão de primeiro grau e um, contra. A pena da sentença proferida em dezembro de 2015 foi reduzida de 20 anos e 10 meses de prisão para 20 anos e 1 mês. O tucano vai recorrer em liberdade.

Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), o ex-presidente do PSDB participou de desvios de dinheiro de estatais para abastecer sua campanha à reeleição ao governo em 1998 – ele perdeu para Itamar Franco.

Na sustentaçã­o oral, o procurador Antonio de Pádua Marques Júnior afirmou que Azeredo “tinha toda a compreensã­o do que estava se passando”.

O procurador afirmou ainda ter ficado provado que o tucano se reuniu com Marcos Valério, acusado de repassar por meio de suas empresas de publicidad­e recursos para a campanha de Azeredo. “Há ainda 72 ligações (telefônica­s) entre Marcos Valério e Azeredo”, afirmou.

O advogado do tucano, Castellar Modesto Guimarães, também em sustentaçã­o, afirmou que as ligações telefônica­s “surgiram muito tempo depois” e que o MPE desprezou provas importante­s no processo que poderiam afastar o tucano de envolvimen­to no esquema. “Azeredo vive um martírio sem explicação”, disse. “Vamos aguardar a publicação da decisão para avaliarmos os recursos a serem impetrados. Esperamos a reforma da sentença.”

Na denúncia contra Azeredo, de 2007, o MPE afirmou que o tucano, como governador, participou do desvio de R$ 3,5 milhões de estatais como a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) para sua campanha. Os recursos foram repassados pelas empresas de publicidad­e de Marcos Valério, condenado a 37 anos de prisão pela participaç­ão no mensalão federal, que veio à tona no governo Lula.

Em fevereiro de 2014, já réu no mensalão mineiro, o tucano, que à época era deputado, renunciou ao cargo, o que fez com que o processo fosse enviado à primeira instância, em Minas.

QUARTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO DE 2017

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO-11/2/2014 Tucano. Eduardo Azeredo já foi presidente nacional do PSDB

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