Exercícios aéreos e controle de fronteira
OEsquadrão Escorpião, da Ala 7 da Força Aérea, em Boa Vista, está realizando há uma semana um exercício de treinamento de todos os pilotos do grupo de combate. Tem a ver com a situação de tensão na longa fronteira de 2 mil km com a Venezuela, por onde entra um fluxo crescente de imigrantes venezuelanos. O ensaio é anual na base da FAB na capital de Roraima, mas, segundo um experimentado piloto da FAB, “nunca é rotineiro e não se pode negar que tem um ingrediente especial desta vez”. A manobra vai durar dois meses. Os aviões recolhem dados e simulam bombardeios, por exemplo, a pontes e estradas.
O Exército também está reforçando os procedimentos de controle na região, no eixo que leva de Pacaraima, a cidade brasileira mais próxima da fronteira, até Santa Elena de Uairén, na Venezuela. Em terra, a preocupação é com os conflitos que possam surgir entre os mais de 1,1 mil refugiados do regime de Nicolás Maduro que estão no município. Pior: existem na área centenas de passagens clandestinas, as “biqueiras”. As pessoas que utilizam essas ligações não têm documentos e acabam não sendo computadas pelas autoridades.
“O resultado é a sobrecarga na precária rede local de saúde, atolada como nunca em casos de doenças infectocontagiosas, para as quais não está preparada e são trazidas pelos forasteiros”, destaca um diretor de serviços da prefeitura.
As equipes de estudos da Polícia Federal e do pelotão de infantaria avaliam o risco de haver saques em mercados. Pacaraima tem 11 mil habitantes fixos e é um entreposto regional de alimentos. Comerciantes brasileiros levam mercadorias para atender a demanda de venezuelanos que não encontram em seu país grãos, massas secas, enlatados, artigos de higiene e medicamentos básicos.