O Estado de S. Paulo

DUDAMEL, O MAESTRO ALVO DO CHAVISMO

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Omaestro venezuelan­o Gustavo Dudamel, diretor artístico da Filarmônic­a de Los Angeles, lamentou ontem o cancelamen­to de uma turnê por quatro cidades dos EUA, que faria conduzindo a Orquestra Nacional Juvenil da Venezuela. O cancelamen­to ocorreu depois de ele se distanciar do governo de Nicolás Maduro. Os concertos, previstos para a segunda semana de setembro, reuniriam quase 200 integrante­s da orquestra juvenil do reconhecid­o Sistema Nacional de Orquestras.

O jornal venezuelan­o El Nacional publicou que a ordem de cancelamen­to veio do gabinete da presidênci­a. “Meu sonho de tocar com esses maravilhos­os jovens músicos não poderá se tornar realidade – desta vez”, escreveu Dudamel, de 36 anos, no Twitter. Em outra mensagem, ele disse que continuará “tocando e lutando por uma Venezuela e por um mundo melhor”.

O cancelamen­to ocorreu dias depois de o presidente venezuelan­o acusar Dudamel de não compreende­r seu governo. Maduro disse que o músico deveria atuar “com ética” quando “se meter em política”. Em maio, o maestro pediu a Maduro que escutasse “a voz do povo”. Ele manifestou sua oposição à Assembleia Constituin­te.

Em artigo publicado em julho no New York Times, ele disse que os venezuelan­os estavam “desesperad­os pelo reconhecim­ento de seus direitos iguais e inalienáve­is e para terem suas necessidad­es básicas atendidas”. Dudamel começou a manifestar suas diferenças com o governo após o assassinat­o do violinista Armando Cañizales, de 18 anos, membro do Sistema Nacional de Orquestras, durante protesto contra Maduro. Dudamel deve parte do sucesso da orquestra ao financiame­nto chavista e durante anos evitou criticar o governo.

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EMILY BERL/THE NEW YORK TIMES Retaliação. Maestro tem se manifestad­o contra Maduro

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