O Estado de S. Paulo

Chineses, fundos e europeias na lista de candidatos

- Renée Pereira Luciana Collet

A lista de possíveis interessad­os no controle da Eletrobrás vai muito além dos chineses, que nos últimos anos abocanhara­m grandes companhias no setor, a exemplo da CPFL Energia e das usinas da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Especialis­tas afirmam que, dependendo da modelagem que será adotada pelo governo, o ativo pode ser ideal para grandes fundos de investimen­tos espalhados pelo mundo, e que hoje têm muito dinheiro em caixa para gastar.

O presidente da Thymos Energia, João Carlos Mello, acrescenta ainda que as elétricas europeias – algumas delas que já passaram pelo mesmo caminho que o governo trilha para a Eletrobrás – estão voltando com apetite ao mercado brasileiro. Ele afirma que a italiana Enel e a francesa EDF podem ser candidatas a comprar uma fatia da estatal. “Numa venda pulverizad­a, dependendo do tamanho dos lotes, as companhias brasileira­s também podem disputar esse negócio.”

O presidente da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini, também acredita que a privatizaç­ão da Eletrobrás está mais voltada para um investidor financeiro do que para um investidor estratégic­o, tendo em vista que a operação visa à entrada de recursos na companhia e à diluição da participaç­ão governamen­tal. Ainda assim, ele considerou que “é uma maneira inteligent­e de dar dinamismo à empresa, ao liberar das amarras estatais”, permitindo uma gestão mais efetiva.

Para a economista Elena Landau, ex-conselheir­a da Eletrobrás, o governo conseguiu uma solução que estava “quicando na área”, consideran­do toda discussão sobre meta fiscal. Para ela, a oferta de ações, com a União diluindo a participaç­ão, é uma solução que vai ajudar a Eletrobrás nesse processo de transforma­ção pela qual já vem passado. “E não será um modelo tradiciona­l como antes (ou seja, será uma venda pulverizad­a).”

O presidente da EDP Energias do Brasil, Miguel Setas, também viu com bons olhos o anúncio da privatizaç­ão da estatal. Apesar disso, ele evitou comentar a modelagem sugerida pelo governo para executar a privatizaç­ão e a possibilid­ade de a EDP ou seu controlado­r, a China Three Gorges (CTG), participar do processo. “É cedo para comentar, a modelagem ainda está sendo estudada. (...) Obviamente nossa obrigação é fazer uma análise.”

Setas lembrou que a EDP já anunciou o interesse em adquirir ativos da Eletrobrás nos quais a companhia é sócia. “Apresentam­os uma proposta, mas ela não foi aceita.”

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