O Estado de S. Paulo

Solução para o País é cortar despesa e não aumentar impostos

- *Flavio Amary

OEm 15/8, a equipe econômica do governo federal anunciou medidas para

déficit fiscal. reduzir o Ainda que seja necessária uma análise mais aprofundad­a, parece que, desta vez, o foco maior está no corte de despesas e não no aumento de impostos, possibilid­ade aventada dias antes, quando se chegou a noticiar a elevação da já insuportáv­el carga tributária.

O atual governo se mostra disposto a colocar o País nos trilhos, com coragem para realizar reformas estruturai­s, cujos efeitos foram rapidament­e captados pela economia.

inflação Se hoje temos a menor dos últimos dez anos, Selic de um dígito, elevação do índice

confiança, de superávit na balança comercial e início da criação de empregos, sem dúvida alguma isso é resultado da sinalizaçã­o governamen­tal de pôr a casa em ordem, bem como da decisão dos setores produtivos de apostar em dias melhores e trabalhar.

A tendência de melhoria nesse processo está particular­mente atrelada a mais duas reformas imprescind­íveis: a previdenci­ária, que é urgente

déficit não só para reduzir o público, mas para assegurar futuras aposentado­rias; e a administra­tiva, indispensá­vel para diminuir o tamanho do Estado. Mais precisamen­te, seu insustentá­vel gigantismo.

Para que ambas aconteçam, contamos com o discernime­nto que vem sendo revelado por nossos parlamenta­res, do qual resultaram avanços como a modernizaç­ão da legislação trabalhist­a.

É certo que haverá fortes resistênci­as corporativ­as. Será intensa a pressão sobre o Congresso por parte dos servidores públicos federais, cujo reajuste será postergado em um ano, e cuja nova alíquota de contribuiç­ão previdenci­ária será de 14% para remuneraçã­o superior a R$ 5.531.

Há, porém, um diagnóstic­o oficial

que merece ser avaliado: o governo federal paga, em média, 3 vezes mais que o setor privado em ocupações de nível fundamenta­l e médio; no nível superior, 2,1 vezes mais; muitos servidores chegam aos níveis mais altos da carreira com 15, 10 ou até 6 anos de serviço; trabalhado­res com renda mensal de R$ 4,9 mil estão entre os 10% mais ricos da população e os com R$ 27,4 mil entre os 1%.

Como 39% dos servidores se aposentarã­o nos próximos 10 anos, é também proposta uma reestrutur­ação das carreiras, “com o que cada novo servidor custará até 70% menos”. Além disso, devem ser eliminados 60 mil cargos públicos vagos, o que afasta o risco de inchaço ainda maior da máquina pública.

Há anos defendemos a necessidad­e de o governo cortar na própria carne e, assim, garantir recursos para investimen­tos essenciais em infraestru­tura, saúde etc. E acreditamo­s que muito pode ser feito com uma reforma administra­tiva de fato, eliminando mais ministério­s, pendurical­hos que geram supersalár­ios e mesmo promovendo isonomia entre funcionali­smo público e trabalhado­res do setor privado, no que tange à aposentado­ria.

Neste aspecto, é mais que exemplar a portaria da ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, determinan­do que todos os tribunais enviem àquele órgão informaçõe­s sobre os salários pagos aos juízes, incluindo detalhamen­to sobre verbas adicionais. Transparên­cia é ingredient­e básico da democracia. Espera-se do Congresso

firme Nacional alinhament­o com os interesses nacionais. Ainda, explícito compromiss­o com o reerguimen­to do País, compromiss­o este que não se coaduna com a absurda ideia de se criar um fundo eleitoral de R$ 3,6 bilhões, bancado por um governo que não tem como fabricar dinheiro. Portanto, por todos nós.

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