Jovem quer atuar em empresa inovadora
Pesquisa com 26 mil estudantes de todo o País em busca de estágio mostra que a maioria quer trabalhar em negócio que aceite novas ideias
Pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), feita com jovens com idade entre 15 e 26 anos, identificou qual é o perfil do local de trabalho no qual eles sonham ingressar como estagiários e, quem sabe, ter a oportunidade de deslanchar na carreira.
O estudo, que ouviu mais de 26 mil pessoas de todo o Brasil, aponta que 53,39% buscam uma organização inovadora e com espaço para novas ideias.
“Eles procuram algo muito além da boa condição financeira ou estabilidade profissional. A juventude quer um trabalho que faça sentido em suas vidas, no qual haja alinhamento entre a cultura da corporação e os seus valores pessoais”, diz o analista de treinamento do Nube, Lucas Fernandes.
Segundo ele, os jovens esperam encontrar um ambiente acolhedor, no qual possam colocar suas ideias, criticar, receber feedbacks e ter boa relação com os gestores e com o grupo. “Eles querem desafios e que seu potencial não seja subestimado por estarem no primeiro emprego e serem pouco experientes.”
Mesmo não tendo participado da pesquisa, o resultado do estudo corresponde aos anseios da estagiária de designer da InHouse, agência interna da Bayer, Rafaela Konstantyner.
A jovem de 21 anos, que está no último semestre da faculdade, foi atraída pelo slogan do anúncio da vaga de estágio – Paixão por inovar, poder para transformar. “Essa frase mexeu muito comigo, porque ela representa a minha meta de vida. Sempre quis fazer diferença no mundo e não imaginava que a Bayer também tivesse essa proposta.”
Ela conta que a empresa possui um projeto chamado Momento do Conhecimento, que foi criado em 2015 por um grupo de estagiários. O objetivo é que os estagiários com mais tempo de casa ajudem na integração dos novatos. Rafaela faz parte do comitê fixo do projeto.
“A ideia é dar voz aos estagiários e promover um ambiente de inovação, no qual interagimos e trocamos conhecimentos”, diz a jovem. “O encontro ocorre depois de dois meses do
início do programa de estágio. Também procuramos estreitar a relação dos estagiários com suas lideranças, para que eles fomentem mudanças dentro da companhia.”
O comitê também convida profissionais de inovação para conversarem com eles. “Acreditamos que entrar em contato com outras áreas ajuda a abrir a cabeça e o modo de pensar. É importante criar contato com pessoas que podem ajudá-los a resolver problemas. Acreditamos muito no poder conjunto e na colaboração.”
Futuro. Fernandes afirma que organizações sem rótulos e estereótipos, com gestões horizontais, participativas e que estimulem o potencial de cada um, representam o futuro.
Essa tendência foi retratada na pesquisa, uma vez que 24,21% dos entrevistados querem trabalhar em uma empresa jovem e em crescimento. “Muitos querem ingressar nas famosas startups, tipo de negócio que tem ascensão acelerada e alto grau de desenvolvimento dos envolvidos.”
Ainda assim, 12,4% dos jovens se mostraram conservadores e optaram por locais tradicionais e com regras bem definidas. “São companhias mais estáveis, com chances de evolução, porém, com pouca autonomia e participação. Todavia, para não ficarem para trás, elas investem em programas e consultorias, a fim de estarem mais próximos das novas tendências”, diz.
Para 4,37% dos entrevistados, uma empresa “eficiente, mas com pouca competitividade” é o ideal. “Seja qual for a opção, uma escolha é igual para todos: o estágio. Afinal, a juventude é uma fase vulnerável aos riscos do mercado. Obter essa vivência vai resultar em experiência e aprofundamento do conhecimento na área de estudo, uma necessidade comum a todos que buscam sucesso profissional”, ressalta Fernandes.
Aluna do terceiro ano de publicidade e propaganda, a estagiária da empresa de software Salesforce Luiza Veiga afirma que participar do processo seletivo da empresa foi uma opção, porque já sabia que a companhia tem uma cultura muito forte de valorizar o próximo e incentivar o voluntariado. “Tudo isso combina bastante com os meus valores pessoais”, conta.
Segundo ela, ter experiência no ramo de tecnologia foi fundamental para ser selecionada. “Fiz duas entrevistas com os meus gestores e acabei sendo selecionada entre mais de dez pessoas. Acho que o fato de já ter trabalhado em uma empresa de tecnologia foi importante para conquistar o estágio.”
Luiza conta que coordena projetos com novos parceiros e associações, principalmente a Associação Brasileira de Startups. “Tenho liberdade para expor minhas ideias para as campanhas
e tudo o que sugiro tem boa receptividade. A empresa dá bastante liberdade aos colaboradores”, afirma.
A jovem também aprova a posição da empresa de permitir que os funcionários atuem em home office quando necessário. “Outra coisa bem legal é que os colaboradores são tratados como membros de uma família. Todos se ajudam e se apoiam”, conta Luiza.