O Estado de S. Paulo

Tempestade deixa 5 mortos no Texas

Catástrofe nos EUA. Volume de chuva na área de Houston chega a quase 700 milímetros em 24 horas e autoridade­s pedem que socorrista­s priorizem casos ‘de vida ou morte’; milhares ficam ilhados em casas e prédios; presidente Trump viaja amanhã à região

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A passagem da tempestade tropical Harvey pelo Estado americano do Texas causou inundação recorde e deixou pelo menos cinco mortos e milhares de pessoas ilhadas. O volume de chuva na região de Houston chegou a quase 700 milímetros em 24 horas.

A passagem da tempestade tropical Harvey pelo Estado americano do Texas causou inundações sem precedente­s e deixou pelo menos cinco mortos. A região de Houston, principal cidade texana, foi duramente atingida, com algumas localidade­s registrand­o quase 700 milímetros de chuva em menos de 24 horas.

As projeções divulgadas ontem pelo Serviço Meteorológ­ico Nacional americano (NWS, na sigla em inglês) mostravam um cenário ainda mais preocupant­e. Segundo ele, até que a tormenta se dissipe, o total de chuva sobre as áreas atingidas do Texas deve passar de 1.200 milímetros. Além disso, a seção principal da tempestade deve se afastar de Houston, mas retornar à cidade na quarta-feira.

“As dimensões e a intensidad­e desta chuva estão além de qualquer coisa que já tenhamos experiment­ado antes e resultarão em uma inundação catastrófi­ca”, afirmou um comunicado do NWS.

Os pedidos de resgate feitos por moradores da região de Houston superaram a capacidade de atendiment­o dos serviços de emergência. Helicópter­os, barcos e caiaques percorriam as ruas da cidade para ajudar pessoas que estavam ilhadas em suas casas – muitas já haviam sido obrigadas a subir nos telhados para fugir da água.

Sem condições de atender a todos, os socorrista­s precisaram priorizar os casos de vida ou morte, deixando de lado as famílias que estavam presas em suas casas, mas em relativa segurança. O principal centro de convenções de Houston foi aberto e transforma­do em um abrigo temporário.

“Tivemos de quebrar uma janela para conseguir sair de casa”, contou Gillis Leho, que levou os dois netos ao abrigo. Ela afirmou que, ao despertar na manhã de ontem, desceu ao andar térreo de sua casa e já encontrou o local completame­nte inundado. Em desespero, juntou alguns poucos objetos pessoais e, com as duas crianças, subiu para a parte superior do imóvel. Quando a água chegou à janela, quebrou os vidros e saiu, recebendo auxílio de um pequeno barco.

As principais redes de TV americanas mostravam ontem cenas de moradores de Houston utilizando seus próprios barcos, caiaques ou até pranchas de surfe para tentar auxiliar vizinhos – especialme­nte, os idosos – e também para resgatar animais de estimação deixados para trás por seus donos.

Resposta. “Não é preciso nem dizer que esta é uma tempestade muito, muito grave e sem precedente­s”, afirmou o prefeito de Houston, Sylvester Turner. Ele informou que, até a tarde de ontem, os serviços de emergência já haviam recebido mais de duas mil ligações telefônica­s de cidadãos pedindo ajuda.

Turner recebeu muitas críticas por ter rejeitado a ideia de ordenar a saída dos cidadãos antes que o Harvey atingisse a região. Segundo ele, decretar uma retirada dos cerca de 2,3 milhões de moradores de Houston teria causado uma tragédia ainda pior. Ontem, após as críticas, ele defendeu sua decisão. “Se você acha que a situação está ruim e dá uma ordem de saída em massa, você estará criando um pesadelo”, afirmou.

A Casa Branca afirmou ontem que o presidente Donald Trump viajaria amanhã ao Texas para averiguar pessoalmen­te a situação e participar in loco da coordenaçã­o dos trabalhos de resgate e recuperaçã­o.

O Harvey atingiu a costa do Texas na madrugada de sábado, ainda como um furacão de categoria 4. Horas depois, foi rebaixado para a categoria 1 e, em seguida, para uma tempestade tropical. A expectativ­a é de que continue castigando os EUA até, no mínimo, a quinta-feira.

Estrago. O diretor da Agência Federal para Manejo de Emergência­s (Fema, na sigla em inglês), Brock Long, disse ontem que os esforços para recuperar as áreas afetadas durarão muito tempo. “Esse desastre será um acontecime­nto marcante”, afirmou, acrescenta­ndo que a agência terá de manter os trabalhos de recuperaçã­o no Texas “por anos” após o desastre.

O custo dos danos causados pelo Harvey pode igualar o do Katrina, em 2005, afirmou o Instituto para Informação sobre Seguros. Segundo a porta-voz da organizaçã­o, a soma deve chegar aos mesmos cerca de US$ 15 bilhões, já que o volume de água despejado sobre o Texas é sem precedente­s.

Transtorno­s. Os dois principais aeroportos de Houston foram totalmente fechados pela passagem da tempestade Harvey. Mais de mil voos foram cancelados e não há previsão de reabertura. As estradas de acesso aos aeroportos, segundo as autoridade­s, estão bloqueadas pelas enchentes.

A chegada da tormenta também afetou a produção e o escoamento de petróleo e gás natural no Estado. No total, 22% da produção de petróleo e 26% da de gás do país ficaram paralisada­s.

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MARK MULLIGAN/AP 1.
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ADREES LATIF/REUTERS 4.
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1. Fuga.
Família usa barco em rua de Houston
2. Estrago.
Parte da cidade ficou submersa
3. Ajuda.
Socorrista salva moradora
4. Desespero.
Mãe e filho perdem casa
DAVID J. PHILLIP/AP 3. 1. Fuga. Família usa barco em rua de Houston 2. Estrago. Parte da cidade ficou submersa 3. Ajuda. Socorrista salva moradora 4. Desespero. Mãe e filho perdem casa

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