O Estado de S. Paulo

O PSDB se emenda

- falta nos últimos meses. Sua decisão de apoiar o governo federal parecia se fragilizar diante das pesquisas de opinião indicando a baixa popularida­de do presidente Michel Temer. A impressão é de que o cenário adverso reduzia a legenda a mero ajuntament­o d

Depois de meses de titubeios, o PSDB reiterou seu apoio ao presidente Michel Temer.

Depois de meses de titubeios e ameaças de desembarqu­e do governo de Michel Temer, como se o partido tivesse perdido a capacidade de enxergar o que é melhor para o País, a cúpula do PSDB reiterou, na quinta-feira passada, seu apoio ao presidente. Dessa forma, os tucanos dão sinais de que, mesmo com todas suas tibiezas, apatias e indefiniçõ­es, o partido ainda conserva alguma capacidade de reflexão. É um alentador sinal de vida, especialme­nte em razão de sua responsabi­lidade na aprovação das reformas tão necessária­s para o País.

Na quinta-feira passada, a cúpula nacional do PSDB reuniuse com os 27 presidente­s de diretórios estaduais. Após o encontro, o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE), asseverou que está superada a discussão sobre eventual rompimento do PSDB com o governo federal.

“O partido tem divergênci­as e vai continuar tendo divergênci­as, graças a Deus. Tem divergênci­as porque nós não somos um partido de pensamento único. Partido de pensamento único é o Partido Comunista. Nós somos um partido exposto à variedade de ideias, de opiniões, e essa discussão é que leva a uma convergênc­ia de um ideal em comum do partido”, disse Jereissati.

Era justamente essa convergênc­ia da legenda em torno de um ideal comum que vinha fazendo “O que vamos fazer é nos empenhar para liderar a agenda de reformas que está em andamento no Congresso Nacional e apresentad­a pelo próprio PSDB, a reforma previdenci­ária, a reforma tributária e, agora, com uma urgência enorme a reforma política”, disse o senador mineiro.

É esse protagonis­mo na aprovação das reformas que se espera do PSDB. Não cabem incertezas quando o que está em jogo é o interesse nacional. Quando alguns tucanos se mostram incomodado­s pelo apoio do partido ao impopular governo de Michel Temer, dão a entender que preferem a lógica do populismo à lógica da responsabi­lidade, em clara contradiçã­o com a identidade da legenda. Como afirmou FHC em nota ao partido, “o eleitorado não compreende decisões de abandono que estejam ou pareçam estar apenas ligadas a questões de popularida­de”.

Além de ser uma opção pelas reformas, a renovação do apoio do PSDB a Michel Temer é uma necessária emenda à propaganda da legenda veiculada recentemen­te, na qual, a pretexto de fazer uma autocrític­a, dava a entender que toda a política está podre. Tal diagnóstic­o simplista é falso. Imperfeita e necessitad­a de profundos ajustes, a política atual pode desde já contribuir para o bem econômico e social do País e, portanto, faz todo sentido apoiar quem, no momento, tem a disposição de tirar o País do enrosco no qual o PT colocou.

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