O Estado de S. Paulo

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- J. S. DECOL decoljs@gmail.com São Paulo SHIRLEY SCHREIER schreier@iq.usp.br São Paulo JOSÉ ROBERTO SANT’ANA jrsantana1­0@gmail.com Rio Claro annafelipu­cci@hotmail.com Batatais marcopmart­ini@gmail.com São Paulo ¿Por ANTÔNIO JÁCOMO FELIPUCCI MARCO PU

O notório deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da reforma política na Câmara, não se cansa de apresentar uma ideia esdrúxula após a outra. Depois de lançar a “emenda Lula” e da proposta frustrada do fundo de R$ 3,6 bilhões, acaba de propor a realização de bingos e sorteios para que partidos arrecadem recursos para custear as campanhas eleitorais. Qual será sua próxima estrovenga?

Como financiar a eleição?

Nem fundão nem financiame­nto de empresas. O dinheiro para ambos sai do mesmo bolso – o nosso. A diferença é que, no segundo caso, o processo é triangular. Como sempre, as empresas vão superfatur­ar obras. A única solução é o barateamen­to das campanhas. Foi para isso que o STF proibiu o financiame­nto por empresas. O cinismo dos políticos não termina. Aonde querem chegar? Arrancar o nosso dinheiro até chegarmos a 100% de desemprego?

No jogo democrátic­o

Jânio Quadros já dizia que no Brasil partidos políticos são garrafas vazias – assunto de que ele entendia. Pois tomemos a situação de hoje. Em nenhum momento os partidos demonstram disposição para se servir com fundos próprios. Ou querem tomar dinheiro público para fazer campanhas ou de empresas privadas. Isso é líquido e certo. Jamais mencionam a possibilid­ade de assumirem a conta da mordomia eleitoral que só a eles serve e embriaga. O contribuin­te está às tampas. Agora, suas excelência­s congressis­tas urdem promover bingos e rifas para cacifar seu jogo viciado no cassino das urnas eletrônica­s. Não caberá espanto se na roleta das artimanhas apostarem na legalizaçã­o do jogo como via de tributação exclusiva para financiame­nto das campanhas. Para o que, embaralhan­do-se ao esquema, as empresas de fachada das máfias internacio­nais estariam prontas para contribuir. Neste jogo de pinga-fogo enfiado goela abaixo do cidadão, a ressaca é inevitável.

Doação de empresas

Para o ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que participou do evento a rejeição Fórum Estadão – Reforma Política em Debate, ao fundo público eleitoral reforça a tese da volta das doações empresaria­is. Por essa e por outras, lembrando o rei Juan Carlos, da Espanha, ministro, qué no te callas?

Sem desvios

A participaç­ão empresaria­l no financiame­nto eleitoral pode ser aceita, mas só se a empresa tiver de contribuir diretament­e ao fundo eleitoral, em uma conta bancária, com a devida identifica­ção do doador. E o TSE distribuir­ia os valores. Sugestão: todo aquele que doar recursos para candidato e/ou partido deve reservar 75% do valor da doação e entregá-lo a entidades que cuidam da saúde e da educação públicas. E instituiçõ­es e candidatos devem ser identifica­dos publicamen­te.

O fim das coligações?

No texto aprovado na semana passada na comissão de reforma política da Câmara, as coligações partidária­s só mudaram de nome: agora serão federação e

subfederaç­ão, desde que tenham programas comuns (sic). Aprimorar nossa representa­tividade, nada. Não tem fim o baú de boçalidade de nossos políticos.

Tentativa

Os partidos políticos, mais perdidos do que cego em tiroteio, resolveram agora mudar de nome (por exemplo: Patriotas, MDB, Livres, Democracia Cristã e Avante), talvez na esperança de que o povo os esqueça. Mas isso não vai acontecer.

Descrentes

Este seria o momento para o Congresso Nacional promover, realmente, uma ampla reforma política. Ninguém mais acredita nos integrante­s das duas Casas, por muitos deles estarem envolvidos em tanta sujeira. Mas o que vemos não é bem isso. Estão tratando apenas de uma reforma pontual, com vistas às próximas eleições, para que tenham mais condições de se reelegerem. É uma vergonha!

As mudanças propostas nessa reforma parecem panaceia para todos os nossos males, mas são pura hipocrisia de quem as propõe e de quem as aceita. Qualquer que seja o modelo de representa­ção adotado, enquanto não tivermos consciênci­a de nossa força, o governo será sempre um castelo para a escória.

Era da promiscuid­ade

Desde o tempo do petismo estamos na era da promiscuid­ade do poder.

Apenas retórica

Diante da maior crise econômica, social, moral e política que o País já atravessou, como cidadãos, vemos poucas ações concretas para superar o problema, mas observo algumas manifestaç­ões de autoridade­s que até parecem alvissarei­ras, mas no fundo são apenas falácias, frases de retórica destinadas a causar impacto e nada mais. Por exemplo, a ministra Cármen Lúcia, em evento em São Paulo: “Não quero me mudar do Brasil, quero mudar o Brasil”. Do ministro do STF Luis Roberto Barroso: “Um desaforo” (sobre a criação do fundo público de R$ 3,6 bilhões para financiame­nto eleitoral). E daí? O que muda? Nada! Do procurador-geral da República, Rodrigo Janot: “Enquanto houver bambu, lá vai flecha” (sobre o final de seu mandato). Impactante... Mas flechas teleguiada­s, com alvo estrategic­amente escolhido? Menos flechas, senhor; mais celeridade e foco correto.

“Incrível! O arsenal de indecência­s do sr. Vicente Cândido (êta nome inadequado!) parece inesgotáve­l”

“Cândido? O nome deste tal deputado deveria ser Vicente Maculado” LEÃO MACHADO NETO/ SÃO

PAULO, IDEM lneto@uol.com.br

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