Fórum dos Leitores
O notório deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da reforma política na Câmara, não se cansa de apresentar uma ideia esdrúxula após a outra. Depois de lançar a “emenda Lula” e da proposta frustrada do fundo de R$ 3,6 bilhões, acaba de propor a realização de bingos e sorteios para que partidos arrecadem recursos para custear as campanhas eleitorais. Qual será sua próxima estrovenga?
Como financiar a eleição?
Nem fundão nem financiamento de empresas. O dinheiro para ambos sai do mesmo bolso – o nosso. A diferença é que, no segundo caso, o processo é triangular. Como sempre, as empresas vão superfaturar obras. A única solução é o barateamento das campanhas. Foi para isso que o STF proibiu o financiamento por empresas. O cinismo dos políticos não termina. Aonde querem chegar? Arrancar o nosso dinheiro até chegarmos a 100% de desemprego?
No jogo democrático
Jânio Quadros já dizia que no Brasil partidos políticos são garrafas vazias – assunto de que ele entendia. Pois tomemos a situação de hoje. Em nenhum momento os partidos demonstram disposição para se servir com fundos próprios. Ou querem tomar dinheiro público para fazer campanhas ou de empresas privadas. Isso é líquido e certo. Jamais mencionam a possibilidade de assumirem a conta da mordomia eleitoral que só a eles serve e embriaga. O contribuinte está às tampas. Agora, suas excelências congressistas urdem promover bingos e rifas para cacifar seu jogo viciado no cassino das urnas eletrônicas. Não caberá espanto se na roleta das artimanhas apostarem na legalização do jogo como via de tributação exclusiva para financiamento das campanhas. Para o que, embaralhando-se ao esquema, as empresas de fachada das máfias internacionais estariam prontas para contribuir. Neste jogo de pinga-fogo enfiado goela abaixo do cidadão, a ressaca é inevitável.
Doação de empresas
Para o ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que participou do evento a rejeição Fórum Estadão – Reforma Política em Debate, ao fundo público eleitoral reforça a tese da volta das doações empresariais. Por essa e por outras, lembrando o rei Juan Carlos, da Espanha, ministro, qué no te callas?
Sem desvios
A participação empresarial no financiamento eleitoral pode ser aceita, mas só se a empresa tiver de contribuir diretamente ao fundo eleitoral, em uma conta bancária, com a devida identificação do doador. E o TSE distribuiria os valores. Sugestão: todo aquele que doar recursos para candidato e/ou partido deve reservar 75% do valor da doação e entregá-lo a entidades que cuidam da saúde e da educação públicas. E instituições e candidatos devem ser identificados publicamente.
O fim das coligações?
No texto aprovado na semana passada na comissão de reforma política da Câmara, as coligações partidárias só mudaram de nome: agora serão federação e
subfederação, desde que tenham programas comuns (sic). Aprimorar nossa representatividade, nada. Não tem fim o baú de boçalidade de nossos políticos.
Tentativa
Os partidos políticos, mais perdidos do que cego em tiroteio, resolveram agora mudar de nome (por exemplo: Patriotas, MDB, Livres, Democracia Cristã e Avante), talvez na esperança de que o povo os esqueça. Mas isso não vai acontecer.
Descrentes
Este seria o momento para o Congresso Nacional promover, realmente, uma ampla reforma política. Ninguém mais acredita nos integrantes das duas Casas, por muitos deles estarem envolvidos em tanta sujeira. Mas o que vemos não é bem isso. Estão tratando apenas de uma reforma pontual, com vistas às próximas eleições, para que tenham mais condições de se reelegerem. É uma vergonha!
As mudanças propostas nessa reforma parecem panaceia para todos os nossos males, mas são pura hipocrisia de quem as propõe e de quem as aceita. Qualquer que seja o modelo de representação adotado, enquanto não tivermos consciência de nossa força, o governo será sempre um castelo para a escória.
Era da promiscuidade
Desde o tempo do petismo estamos na era da promiscuidade do poder.
Apenas retórica
Diante da maior crise econômica, social, moral e política que o País já atravessou, como cidadãos, vemos poucas ações concretas para superar o problema, mas observo algumas manifestações de autoridades que até parecem alvissareiras, mas no fundo são apenas falácias, frases de retórica destinadas a causar impacto e nada mais. Por exemplo, a ministra Cármen Lúcia, em evento em São Paulo: “Não quero me mudar do Brasil, quero mudar o Brasil”. Do ministro do STF Luis Roberto Barroso: “Um desaforo” (sobre a criação do fundo público de R$ 3,6 bilhões para financiamento eleitoral). E daí? O que muda? Nada! Do procurador-geral da República, Rodrigo Janot: “Enquanto houver bambu, lá vai flecha” (sobre o final de seu mandato). Impactante... Mas flechas teleguiadas, com alvo estrategicamente escolhido? Menos flechas, senhor; mais celeridade e foco correto.
“Incrível! O arsenal de indecências do sr. Vicente Cândido (êta nome inadequado!) parece inesgotável”
“Cândido? O nome deste tal deputado deveria ser Vicente Maculado” LEÃO MACHADO NETO/ SÃO
PAULO, IDEM lneto@uol.com.br