O Estado de S. Paulo

O DIA EM QUE A LUA VIU O SOL DE TELESCÓPIO

Ana foi uma das crianças que teve a chance de aprender sobre o céu no Planetário paulistano

- / J.T.

Ajovem Lua ontem conseguiu ver o Sol durante o dia. Além dela, o público que compareceu ao Parque do Ibirapuera ganhou a chance de ver o astro com a ajuda de um telescópio e aprender sobre as manchas solares e a influência delas na vida na Terra.

A estudante de Publicidad­e Natália Gomes, de 32 anos, compareceu com a filha Ana Lua, de 4 anos. “Achei bacana, principalm­ente para as crianças. Ela não entendeu muito, mas já despertou um interesse”, disse. “Não temos a oportunida­de de observar o céu no dia a dia.” Outros, mesmo com mais oportunida­des, não deixaram de ir. “Vim no evento porque tenho uma casa em Alto Paraíso (GO) e gosto de ir para lá ver as estrelas”, afirmou a designer Lina Magalhães, de 20 anos.

O educador musical Rafael Gavioli, de 33, queria ser astrônomo na infância e possui até um telescópio em casa. Mesmo com algum conhecimen­to sobre o assunto, gostou de saber mais sobre as manchas solares. “Na internet tem muita informação e imagens, mas faltam oportunida­des de acesso a esse conhecimen­to na prática, com vivências”, disse.

João Eduardo Fonseca, professor da Escola Municipal de Astrofísic­a Professor Aristótele­s Orsini (EMA), que fica no Planetário do Ibirapuera, relatou que as manchas solares causam tempestade­s e ejeção de massa, ou seja, uma liberação de partículas. Esse processo resulta nas auroras boreal e austral. “O fenômeno é muito bonito, mas afeta a distribuiç­ão de energia em países e regiões como Alasca, Canadá e Noruega”, destacou.

A ejeção de partículas também pode, por exemplo, causar cancelamen­to de voos entre Nova York e Londres, por causa da rota dos aviões. Para Fonseca, eventos como a Virada são importante­s para levar o conhecimen­to científico ao público leigo. “Esse é o nosso papel. A ciência não deve ser exclusiva das universida­des, faz parte da vida das pessoas.”

Poluição. Da programaçã­o da Virada Sustentáve­l também constou uma palestra sobre como a poluição luminosa afeta nossa capacidade de observar o céu. Segundo o professor João Eduardo Fonseca, a má distribuiç­ão de luzes nas grandes cidades provoca desperdíci­o de recursos, uma vez que a luminosida­de mal planejada é difundida para cima e para outras direções, em vez de iluminar apenas o local em que isso é necessário.

Além disso, o excesso de fontes de iluminação atinge ecossistem­as, interferin­do na migração de pássaros, no ciclo reprodutiv­o de insetos e anfíbios e provocando até desorienta­ção em algumas espécies. “A poluição luminosa também afeta a vida dos seres humanos, uma vez que focos de claridade artificial mal concebidos podem invadir as casas e atrapalhar o sono alheio, além de promover inseguranç­a nas ruas.”

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