US Open vê Federer e Nadal liderarem trintões pelo título
Astros revivem domínio do passado e defendem favoritismo nos EUA em meio a novo cenário de longevidade dos tenistas
Poderia ser 2007, mas é o ano de 2017. O US Open começa hoje, em Nova York, com o protagonismo do suíço Roger Federer e do espanhol Rafael Nadal, trintões que voltaram a dominar o circuito masculino neste ano. A dupla de veteranos, contudo, não é exceção nesta nova realidade do tênis, em comparação às gerações anteriores, com raros trintões na ativa.
Metade do Top 10 do ranking tem 30 anos ou mais. Dos 100 melhores do mundo, 43 estão nesta faixa etária. Esta novidade no tênis de alto nível pode ser atribuída à ciência esportiva, que vem promovendo evolução inédita na preparação física de atletas como Federer, de 36 anos, e Nadal, de 31.
“O trabalho físico atual é muito diferente do que se fazia há 10 ou 15 anos. Trabalhei com diferentes gerações e, quando comparo as planilhas de treinamento, vejo que a mudança é tremenda”, diz Cassiano Costa, que já foi preparador físico do ex-tenista Flávio Saretta e hoje integra a equipe da canadense Eugenie Bouchard, ex-Top 10.
Dos especialistas ouvidos pelo Estado, é unânime a conclusão de que o trabalho de prevenção de lesões, o foco na recuperação física após os jogos, os treinos específicos e a atuação de diferentes profissionais junto com os tenistas vêm sendo determinantes na evolução do esporte e dos atletas.
“Os melhores tenistas do mundo contam com equipes cada vez maiores. Tem técnico, preparador físico, fisioterapeuta e até massoterapeuta. Às vezes, têm dois de cada no estafe”, diz o americano Mark Kovacs, considerado um dos maiores fisiologistas de tênis do mundo e referência por aliar bem a pesquisa científica com a prática dentro de quadra.
“A quantidade de pesquisas sobre o tênis está aumentando. O conhecimento é muito maior hoje. E a longevidade dos tenistas está relacionada a melhor qualidade do trabalho de preparação física”, diz Alex Matoso, que trabalha na preparação física dos brasileiros Thiago Monteiro e Beatriz Haddad Maia.
“A maior evolução é o trabalho cada vez mais específico e personalizado com os tenistas, buscando maior eficiência mecânica nos movimentos e técnicas melhores. Assim, temos menor desgaste do corpo”, explica também o argentino Martiniano Orazi, que já foi preparador físico de Gabriela Sabatini e Juan Martín del Potro.
Nesta evolução, a maior novidade é o trabalho de força, antes considerado tabu. “Isso também pode prolongar a carreira
do tenista se for feito de forma inteligente”, diz Cassiano Costa. “Um movimento feito com um músculo mais fortalecido pode economizar energia do
atleta. Com menor desgaste, há melhor recuperação.”
Longevos e consagrados, Federer e Nadal entram como maiores candidatos ao título em Nova York. Se faturar o seu terceiro Grand Slam no ano, o suíço quebrará o recorde de troféus do US Open na Era Aberta do tênis, com seis conquistas. O espanhol quer a terceira.
Nas duplas, o brasileiro Bruno Soares e o escocês Jamie Murray defenderão o título obtido em 2016. Já Marcelo Melo tenta se redimir das quedas nas estreias dos últimos dois anos. “Foram jogos atípicos em que perdemos na primeira rodada, mas isso pode acontecer em qualquer torneio, com qualquer jogador”, minimizou Melo, em entrevista ao Estado. Desta vez, ele jogará com o polonês Lukasz Kubot, seu parceiro desde o início do ano. “A expectativa é muito boa. Fizemos um bom torneio em Cincinnati.”
Nas chaves de simples, o Brasil terá quatro tenistas: Beatriz Haddad Maia, Thiago Monteiro, Rogério Dutra Silva e Thomaz Bellucci.