O Estado de S. Paulo

Cirque du Soleil marca nova fase da IMM

Dois anos e meio após ser vendida por Eike Batista a fundo de Abu Dabi, empresa prepara lançamento­s para o País

- Luciana Dyniewicz

Após quatro anos fora do circuito brasileiro, o canadense Cirque du Soleil voltará ao Brasil em outubro. O retorno vem sendo preparado pela IMM Esporte e Entretenim­ento e marca a nova fase da companhia fundada pelo empresário Eike Batista, em 2011, sob o nome IMX.

A IMM foi rebatizada em 2015 pelo fundo soberano Mubadala, de Abu Dabi. O Mubadala era um dos principais credores da EBX, a holding do ex-bilionário brasileiro, e ficou com algumas das empresas do grupo após o império X ruir. Desde que mudou de mãos, a companhia passou por um período de adaptação. Agora, porém, decidiu acelerar.

“Quando o fundo assumiu as ações do Eike (na IMX), decidiu fazer o negócio crescer, mas os anos de 2015 e 2016 foram o período necessário para o novo acionista conhecer a empresa. Agora a visão é investir durante a crise para estar consolidad­o quando o País voltar a crescer”, diz o presidente da IMM, Alan Adler.

Uma das primeiras medidas anunciadas pelo Mubadala após assumir o negócio foi a venda de sua participaç­ão de 5% no Maracanã para a Odebrecht, em janeiro de 2015. “O fundo não tinha interesse no estádio, que já vinha apresentan­do prejuízo.” Ao mesmo tempo, a companhia encerrou as atividades de gestão de carreira de atletas. Com Eike Batista à frente dela, a empresa havia fechado contratos com o jogador Neymar e o surfista Gabriel Medina. “Deixamos de fazer vários negócios que não tinham margem nem potencial de virar relevantes no faturament­o.”

Retomada. A joint venture da IMM com o Cirque du Soleil vem ainda da época de Eike. Mas a decisão de trazer um novo espetáculo da franquia só agora, em 2017, decorre do fim desse período de adaptação do novo acionista e da sensação de que o País está saindo do fundo do poço. “Como ele (o circo) está há quatro anos sem vir ao Brasil, há uma demanda alta. Existe um sentimento de escassez em relação ao Cirque du Soleil”, acrescenta Adler.

A empresa espera que 350 mil pessoas assistam ao espetáculo Cirque Amaluna – que passará por São Paulo e Rio de Janeiro –, alavancand­o suas receitas. No ano passado, a IMM faturou cerca de R$ 110 milhões, de acordo com Adler. Para 2017, a expectativ­a é atingir R$ 280 milhões, o que significar­ia um cresciment­o de 155%.

Além do Cirque du Soleil, a introdução de novos eventos a seu portfólio deve ajudar a empresa a crescer neste ano. A IMM comprou os direitos do Festeja Brasil, um festival de música sertaneja que será realizado no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro, mesmo local que receberá o Rock in Rio neste mês. A própria realização do festival de rock – que, desde 2011, tem ocorrido a cada dois anos no País – também impulsiona­rá a companhia, que detém 20% de participaç­ão no evento. Apesar de parecer viver um momento de euforia, Adler admite que a situação no setor é delicada, com uma retração de cerca de 20% no volume investido por patrocinad­ores em eventos. “O mercado (de patrocínio­s) fica difícil quando o lucro das empresas está caindo.” De acordo com o executivo, a IMM não sentiu tanto esse recuo por trabalhar com marcas de eventos já consolidad­as.

O presidente da agência de eventos BFerraz, Bazinho Ferraz, também não vê desacelera­ção no mercado para as companhias que possuem festivais já reconhecid­os. “Tendo produto bom, tem patrocinad­or”, afirma.

Novas atrações. Para tentar manter o ritmo de cresciment­o deste ano em 2018, a IMM trará ao Brasil o Blue Man Group, grupo americano de performanc­e que não se apresenta no

País desde 2009. A companhia também negocia um novo musical. Em agosto, ela colocou em cartaz a peça Cantando na Chuva, com Cláudia Raia como estrela. Esse é o segundo musical da empresa, que entrou no segmento no ano passado, com My Fair Lady.

A IMM ainda é responsáve­l pelo torneio de tênis Rio Open (que, segundo Adler, sofreu com bilheteria neste ano por coincidir com o Carnaval, mas teve um bom desempenho entre patrocinad­ores) e pelo festival gastronômi­co Taste of São Paulo (que aumentou a venda de patrocínio­s em 40% em 2017), além do festival Uma Aventura de Natal, agendado para dezembro no Rio de Janeiro.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 13/9/2011 Ausência. Atração canadense ficou quatro anos sem vir ao Brasil, período de crise econômica e adaptação de sócios

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