O Estado de S. Paulo

Investigaç­ão ‘não inviabiliz­a novas denúncias’, diz PGR

Janot afirma que vai seguir cronograma de trabalho e que provas colhidas serão mantidas; há previsão de acusação contra Temer

- Beatriz Bulla Fabio Serapião

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o processo de revisão do acordo de delação premiada de três executivos do Grupo J&F não vai alterar o “cronograma” para o envio de denúncias ao Supremo Tribunal Federal. A expectativ­a nos bastidores é de que Janot envie à Corte, ainda nesta semana, uma segunda acusação contra o presidente Michel Temer, por organizaçã­o criminosa.

“Inviabiliz­ar novas denúncias jamais. Temos um cronograma de trabalho que será rigorosame­nte cumprido. Eu afirmei e reafirmo que as investigaç­ões maduras nos levarão ou ao arquivamen­to ou ao oferecimen­to de denúncia. Eu não deixo de praticar ato de ofício até 17 de setembro, que é meu último dia como procurador-geral da República”, disse Janot. Ele vai entregar o cargo no dia 18 para sua sucessora, Raquel Dodge, que passará a comandar o Ministério Público Federal (MPF).

Janot explicou que, ainda que o acordo seja revisto, as provas obtidas continuara­m válidas para a investigaç­ão. Segundo ele, a Procurador­ia-Geral da República (PGR) firmou o acordo de boa-fé com os executivos da holding J&F, proprietár­ia da JBS. A rescisão do contrato traria prejuízos, portanto, só aos delatores – entre as vantagens estava a imunidade penal dos delatores.

“Se os executivos da JBS eventualme­nte erraram, pagarão por isso, mas nem por isso deve pagar o instituto da delação, que

1. A delação da JBS pode ser cancelada?

Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a investigaç­ão instaurada pode levar à rescisão do acordo e à perda total ou parcial dos benefícios dos colaborado­res, como a imunidade judicial, mas não põe em risco o conteúdo da delação.

2. Isso afeta eventuais novas denúncias com base na delação da JBS?

Não. Segundo Janot, caso o acordo seja revisto por culpa do colaborado­r, o Estado poderá usar as informaçõe­s obtidas por meio da delação em novas denúncias.

3. Como a revisão do acordo pode afetar o STF?

Janot afirmou que no novo áudio contém indícios de conduta criminosa atribuída a integrante­s da procurador­ia e também por integrante­s do Supremo.

4. O que acontece agora?

Janot quer ouvir nesta semana os delatores sobre o caso. A gravação foi enviada ao STF para que os ministros decidam sua divulgação.

deve ser preservado. Assistimos hoje às forças que se levantam contra o instituto da delação premiada. Temos que reagir e preservar esse poderoso instrument­o de investigaç­ão”, afirmou.

Questionad­o se as revelações podem alterar o número de denúncias que pretende oferecer até o fim de seu mandato, Janot reforçou que a revisão do acordo da JBS não vai influencia­r seu trabalho. “Não aumenta nem diminui. Se o ex-colega (Marcelo Miller) praticou ilícito, ele não tem prerrogati­va de foro, então não interfere nas denúncias que pretendo ou não oferecer”, afirmou, em relação ao ex-procurador citado nas conversas analisadas pela PGR como indicativa­s de fatos criminosos.

A previsão é de que o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, homologue a delação do operador financeiro Lúcio Funaro antes do feriado de 7 de Setembro, Dia da Independên­cia. Como Funaro citou Temer em seus depoimento­s, Janot aguarda a decisão de Fachin para encaminhar ao STF uma eventual denúncia que pode atingir o presidente da República. A PGR pode encaminhar a acusação amanhã ou mesmo na sexta-feira, dia 8, a depender do cronograma de Fachin.

Os procurador­es do grupo ligado a Janot trabalham na acusação de formação de organizaçã­o criminosa por políticos do PMDB, da qual Temer supostamen­te faz parte.

O procurador-geral também deve encaminhar acusações no inquérito conhecido como “quadrilhão” relacionad­o a políticos do PT, PMDB do Senado e PMDB da Câmara – a ramificaçã­o ligada ao PP já foi objeto de denúncia apresentad­a na sextafeira passada.

Homologaçã­o. Operações

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

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