O Estado de S. Paulo

Coreia do Norte ‘implora pela guerra’, dizem EUA; Brasil defende diplomacia

Escalada na Ásia. Donald Trump libera venda bilionária de armas para sul-coreanos e representa­nte americana na ONU afirma que país apresentar­á proposta de resolução ampliando sanções; na China, presidente Michel Temer pede desarmamen­to nuclear

- Cláudia Trevisan NYT / COM

Em ofensiva diplomátic­a contra a escalada na crise nuclear com a Coreia do Norte, os EUA alertaram ontem o Conselho de Segurança da ONU que o líder Kim Jong-un está “implorando pela guerra” e pressionar­am por novas sanções contra Pyongyang. A Casa Branca anunciou que o presidente Donald Trump deu sua aprovação para um acordo de vendas de bilhões de dólares em armamentos para a Coreia do Sul.

Além das vendas de armas, o líder americano concordou em remover um limite imposto ao peso máximo das ogivas levadas por mísseis sul-coreanos. “Apenas as sanções mais duras vão nos possibilit­ar resolver esse problema pela diplomacia”, afirmou Nikki Haley a embaixador­a americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, que prometeu apresentar em uma semana ao Conselho de Segurança um projeto de resolução para impor novas sanções ao regime de Pyongyang. Segundo Haley, uma votação pode ocorrer já na segunda-feira.

Na China, em discurso durante a 9.ª Cúpula do Brics, o presidente Michel Temer e outros líderes defenderam uma solução negociada para a tensão diplomátic­a, agravada pela realização, no domingo, de um teste nuclear norte-coreano.

A detonação ocorreu poucas horas antes de o presidente chinês, Xi Jinping, receber os líderes do grupo para o encontro em uma ilha no sul da China, no domingo. Esta foi a segunda vez em que atividades nucleares norte-coreanas coincidira­m com eventos diplomátic­os importante­s para Pequim neste ano. A China é o principal aliado da Coreia do Norte no cenário internacio­nal e sofre pressão crescente para conter as ambições bélicas de Kim Jong-un.

“Em perspectiv­a mais abrangente e de mais longo prazo, o desarmamen­to nuclear é a garantia mais eficaz contra a proliferaç­ão”, afirmou Temer no encontro

“A guerra nunca é algo que os EUA querem. Não queremos isso agora. Mas a paciência do nosso país não é ilimitada”

que teve participaç­ão de três potências nucleares – China, Rússia e Índia. “O mundo permanece sob o signo da incerteza.”

O presidente lembrou que o Brasil esteve na origem da negociação do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares,

Diplomacia.

assinado em julho por 122 países no âmbito da ONU. O documento não teve adesão de nenhuma das nações que possuem armas nucleares, incluindo Rússia, Índia e China, parceiros do Brasil no Brics.

A China, por sua vez, voltou a defender ontem o diálogo com o regime norte-coreano. “A situação na Península Coreana se deteriora constantem­ente enquanto falamos, entrando em um círculo vicioso”, declarou o embaixador chinês na ONU, Liu Jieyi. “A questão da península deve ser resolvida pacificame­nte. A China nunca permitirá o caos, nem a guerra.”

EMBAIXADOR­A AMERICANA NA ONU

 ?? AHN YOUNG-JOON/AP ?? Alta tensão. Tanques sul-coreanos em exercício militar na fronteira com a Coreia do Norte
AHN YOUNG-JOON/AP Alta tensão. Tanques sul-coreanos em exercício militar na fronteira com a Coreia do Norte

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil