O Estado de S. Paulo

Ação antitráfic­o no porto prende 75 e atinge PCC

Esquema desvendado em Santos tinha a capital como principal entreposto para dez países

- Bruno Ribeiro Julia Affonso

Uma operação com mais de 820 agentes da Polícia Federal, deflagrada ontem em cinco Estados, prendeu 75 pessoas acusadas de integrar uma rede internacio­nal de distribuiç­ão de cocaína. O esquema tinha a capital paulista como principal entreposto e funcionava mediante pagamento de “pedágios” ao Primeiro Comando da Capital (PCC), atuando em ao menos dez países. Entre os presos estão 28 funcionári­os do Porto de Santos, usado para o escoamento de drogas, que eram aliciados para colaborar com os traficante­s.

O esquema vinha sendo investigad­o havia um ano, com informaçõe­s repassadas à PF pelo DEA, o departamen­to de repressão às drogas dos Estados Unidos. Neste período, as investigaç­ões da PF repassaram informaçõe­s a forças policiais de Espanha, Itália, Inglaterra, França e Bélgica, e resultaram em 16 apreensões de cocaína que somaram seis toneladas de entorpecen­tes. Na Europa, o quilo da cocaína era vendido por cerca de US$ 25 mil (R$ 80 mil). Os compradore­s, que distribuía­m a droga no continente, eram da Sérvia – dois sérvios foram presos na operação de ontem.

Segundo o delegado Rodrigo da Costa, “as células da organizaçã­o agiam de forma independen­te, horizontal, sem hierarquia, entrando em consórcios a cada operação”. Havia grupos encarregad­os da droga na Colômbia, no Peru e na Bolívia, trazendo a mercadoria ora de aviões ou helicópter­o, ora por carros e caminhões. Outros grupos estocavam a droga na capital paulista até viabilizar a entrada em navios no porto. E havia ainda encarregad­os do transporte final, entre a capital e o litoral. “Todos os presos agiam entre São Paulo e o litoral”, afirma o delegado Agnaldo Mendonça Alves, outro dos encarregad­os do caso.

Em Santos, além do uso de funcionári­os cooptados, outra forma de fazer a droga entrar nos navios era içando os sacos de cocaína diretament­e nos barcos, utilizando navios menores como base. Para isso, usavam estrangeir­os. “Prendemos quatro filipinos há algumas semanas agindo assim”, disse Alves. Em outra ação, há cerca de um mês, houve um tiroteio que terminou com quatro mortos.

Como eram quase independen­tes, os integrante­s da cada célula não tinham formas muito articulada­s de esconder os bens adquiridos por meio do esquema, ainda segundo a Polícia Federal. Na operação, os agentes pediram à Justiça a apreensão de cerca de 100 automóveis e de 40 imóveis de luxo na capital paulista e no litoral, que seriam fruto do tráfico internacio­nal – um deles avaliado em R$ 7 milhões. Entre os carros apreendido­s, há marcas importadas como Porsche, BMW, Mercedes-Benz e Audi.

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