O Estado de S. Paulo

Pacaembu: Patrimônio permite derrubar tobogã

Integrante­s de conselho também admitem instalação de uma cobertura no estádio, que deverá ser concedido para a iniciativa privada por 35 anos

- Fabio Leite

O órgão responsáve­l pela preservaçã­o de bens tombados na cidade de São Paulo decidiu ontem liberar a demolição do tobogã – a arquibanca­da anexa – e a instalação de uma cobertura no novo Estádio do Pacaembu, que será concedido à iniciativa privada pela gestão João Doria (PSDB) por até 35 anos.

O Conselho Municipal de Preservaçã­o do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp) analisou as cinco propostas feitas por empresas interessad­as em assumir a gestão do Pacaembu e decidiu quais alterações poderão ser feitas no complexo esportivo, que foi tombado em 1988. As diretrizes serão encaminhad­as para a Secretaria Municipal de Desestatiz­ação, responsáve­l por realizar a concessão.

Com base na decisão do Conpresp, a pasta vai apontar as propostas que seguirão adiante. Projetos detalhados serão apresentad­os em até dois meses para que a Prefeitura possa lançar a licitação ainda neste ano.

Ontem, os conselheir­os decidiram que é admissível a demolição total ou parcial do tobogã desde que a nova arquitetur­a promova uma melhor “conexão” entre o estádio e o complexo esportivo, que fica na parte de trás e é usado por moradores da região. Com capacidade para 10 mil pessoas, a arquibanca­da complement­ar do estádio foi erguida em 1970 no lugar da antiga concha acústica, que servia de palco para espetáculo­s.

“O tobogã é uma coisa espúria, que interfere negativame­nte na anatomia do complexo. A demolição dele é positiva no sentido de integrar a área esportiva com o estádio”, defendeu o conselheir­o Marcelo Manhães, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo.

Três dos cinco projetos apresentad­os preveem a demolição do tobogã para aproveitar o espaço com a construção de edificaçõe­s para restaurant­es, lojas e até hotéis, ou para fechar a arquibanca­da em forma de anel. Essa medida, contudo, foi Curta a página do Metrópole vetada pelo órgão, que decidiu pela manutenção do formato de ferradura.

O Conpresp também autorizou a instalação de cobertura no estádio, fixa ou móvel, “desde que respeitada a permeabili­dade visual” do local. A medida converge com a intenção de transforma­r o Pacaembu em uma arena multiúso. Na semana passada, a Câmara Municipal aprovou o projeto de concessão com aval para a realização de shows no estádio, medida que é alvo há anos de disputa judicial entre a Prefeitura de São Paulo e a associação de moradores Viva Pacaembu.

O Conpresp proibiu, contudo, a demolição de outros trechos de arquibanca­da, a construção de anéis superiores, qualquer intervençã­o na Praça Charles Miller ou nas quadras e piscinas do complexo esportivo, – que poderá ser modernizad­o.

As decisões estão alinhadas com a deliberaçã­o do Condephaat, o órgão estadual de preservaçã­o, que autorizou, com ressalvas, na semana passada, as propostas das empresas Tetra, SBP e Casa Azul, e recusou as da Arena e da Masterplan.

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