O Estado de S. Paulo

Brics faz alerta em cúpula contra ‘políticas isolacioni­stas’

Bloco avalia que medidas prejudicam a confiança do mercado e as perspectiv­as de cresciment­o global

- Cláudia Trevisan

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) alertaram ontem contra tendências e políticas isolacioni­stas que afetam de maneira negativa a confiança do mercado e as perspectiv­as de cresciment­o global.

Na declaração final da 9.ª Cúpula do Brics, os cinco países se compromete­ram a aprofundar seus laços financeiro­s, comerciais e de investimen­tos e a fortalecer sua coordenaçã­o macroeconô­mica.

No discurso de abertura do evento, o anfitrião Xi Jinping afirmou que há um amplo espaço para a ampliação dos negócios entre os parceiros do Brics, que respondem por 23% do PIB e 40% da população mundial. Xi observou que dos US$ 197 bilhões de investimen­tos externos feitos pelo Brics em 2016, apenas 5,7% foram destinados a negócios nos países do bloco.

O anfitrião defendeu que os cinco países explorem as complement­aridades de suas estratégia­s de desenvolvi­mento e adotem medidas pragmática­s. “Nós ainda precisamos explorar todo o potencial da cooperação do Brics”, ressaltou Xi.

Os integrante­s do Brics foram vistos como a grande promessa da economia mundial no começo da década passada, quando eram impulsiona­dos pela alta no preço das commoditie­s e o sucesso da integração da China e da Índia a cadeias produtivas globais.

Mas a queda no preço de minérios e petróleo atingiu em cheio as performanc­es de Brasil, Rússia e África do Sul. China e Índia mantiveram elevados índices de cresciment­o e aumentaram seu peso relativo dentro do grupo. Hoje, a economia chinesa é maior que a soma das de seus quatro parceiros.

“Observamos que contra o cenário de cresciment­o global mais sólido, maior resiliênci­a e novos motores (de cresciment­o), os países do Brics continuam a desempenha­r um papel importante como motores do cresciment­o global”, apontou a declaração final do encontro.

O documento encampou o arcabouço institucio­nal

Investimen­tos.

defendido pelo Brasil para acordos de facilitaçã­o de investimen­to entre países, em contraposi­ção aos acordos de proteção de investimen­tos promovidos pela Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico (OCDE).

O modelo dos países desenvolvi­dos favorece a posição das empresas e prevê que eventuais conflitos entre elas e os Estados soberanos serão resolvidos por arbitragem, fora da jurisdição do governo envolvido. O Brasil propõe que sejam solucionad­os por um fórum de alto nível.

No discurso de abertura da cúpula, Xi anunciou que a China destinará o equivalent­e a R$ 240 milhões a um fundo para troca de experiênci­as e facilitaçã­o de comércio e investimen­tos entre os países do bloco. Pequim também destinará US$ 4 milhões ao banco do Brics.

Os valores são ínfimos quando comparados aos US$ 124 bilhões que a China prometeu destinar à iniciativa Um Cinturão, Uma Rota, durante evento sobre o assunto em maio.

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BETO BARATA/PR Foto oficial. Temer e líderes dos países-membros do Brics

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