O Estado de S. Paulo

Juros devem cair e derrubar a poupança

- Fabrício de Castro /

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia hoje a reunião de dois dias que vai definir o novo nível da Selic (a taxa básica de juros da economia), atualmente em 9,25% ao ano. Com os índices de inflação acomodados e a atividade ainda em marcha lenta, a expectativ­a dos economista­s do mercado é de mais um corte de 1 ponto porcentual da taxa, para 8,25% ao ano.

Entre 54 instituiçõ­es financeira­s consultada­s pelo Projeções Broadcast, todas esperam por um corte desta magnitude nesta quarta-feira, quando termina o encontro do Copom. Os 8,25% para a Selic, se confirmado­s, representa­rão a menor taxa de juros desde julho de 2013, quando estava em 8% ao ano.

O corte de 1 ponto porcentual da Selic vai disparar o gatilho de mudança na remuneraçã­o das cadernetas de poupança. Pelas regras atuais, quando a Selic for igual ou menor que 8,5% ao ano, a remuneraçã­o da poupança correspond­e a 70% da taxa básica. Com a Selic acima de 8,50% – o que se vê até agora –, a poupança é corrigida pela taxa referencia­l (TR) mais 0,5% ao mês.

O mecanismo que vincula a poupança à Selic não é utilizado desde o segundo semestre de 2013. Criado durante o governo de Dilma Rousseff , essa regra serve para evitar a transferên­cia em massa de recursos atualmente aplicados em fundos de renda fixa para a caderneta. Isso foi feito porque a queda da Selic torna estes fundos menos atrativos que a poupança. Uma migração poderia quebrar a indústria de fundos.

Nos comunicado­s mais recentes do Banco Central, as sinalizaçõ­es também foram no sentido de continuida­de no ritmo de corte da Selic, de 1 ponto porcentual. Porém, as preocupaçõ­es em torno do andamento das reformas no Congresso – em especial, a da previdênci­a – ainda permanecem.

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