O Estado de S. Paulo

Maia acelera para assinar acordo com Rio

- Adriana Fernandes Irany Tereza /

Pressionad­o pelo presidente em exercício Rodrigo Maia, o governo deve assinar hoje à tarde o acordo de recuperaçã­o fiscal do Estado do Rio. Na cadeira da Presidênci­a da República, Maia trabalhou intensamen­te numa ampla articulaçã­o política para que os entraves técnicos e burocrátic­os fossem superados a tempo de o acordo ser homologado por ele em cerimônia no Palácio do Planalto, já que o presidente Michel Temer só retorna ao Brasil de viagem à China na madrugada desta quarta-feira. Na área técnica do Ministério da Fazenda, a preocupaçã­o é com a capacidade de o Estado voltar a fechar as contas no azul depois de terminado o socorro do governo federal.

Será o primeiro acordo depois de aprovada a lei que permite ao governo federal socorrer os Estados com elevado endividame­nto e dificuldad­e para honrar os compromiss­os mais básicos, como o pagamento dos salários dos seus servidores.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acompanhou ao longo do dia de ontem os últimos acertos para a homologaçã­o do acordo, que vai abrir espaço para o governo fluminense receber dinheiro novo com a privatizaç­ão da Cedae, a empresa estatal de água e esgoto. Um empréstimo bancário será dado ao Estado, que terá o Tesouro Nacional como garantidor da operação.

Os representa­ntes do conselho supervisor que analisa os termos do plano de socorro financeiro, que terá duração de três anos com a possibilid­ade de prorrogaçã­o pelo mesmo período, trabalhara­m no fim de semana para correr com a aprovação do parecer técnico pelo Tesouro.

Apesar da preocupaçã­o técnica, um integrante da equipe garantiu ao Estadão/Broadcast que o programa foi montado com muita segurança para garantir a sustentabi­lidade das contas do governo fluminense ao final de 2017. De acordo com o fluxo de caixa projetado, a previsão é que já em 2020 o Estado possa apresentar um superávit primário. Essas preocupaçã­o, segundo a fonte, não teriam sido manifestad­as nas reuniões.

Em meio às negociaçõe­s para acelerar, técnicos da área econômica ainda mantinham dúvidas em relação à capacidade de recuperaçã­o do Estado, que tem uma dívida de R$ 108 bilhões e saldo de restos a pagar de R$ 9,4 bilhões este ano.

Procurado, o Ministério da Fazenda, não quis comentar os pontos pendentes e nem a preocupaçã­o de técnicos do governo com os termos do acordo.

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