O Estado de S. Paulo

Petrobrás e Odebrecht tentam acelerar venda da Braskem

- Fernanda Nunes /

Petrobrás e Odebrecht formaram um grupo de trabalho para discutir mudanças no acordo de acionistas da Braskem, da qual são sócias. Até agora, foram definidos apenas os representa­ntes de cada um dos lados que participar­ão das negociaçõe­s e a contrataçã­o de escritório­s de advocacia para auxiliar no processo. Nenhuma proposta foi apresentad­a de fato.

O pedido de mudar o acordo de acionistas partiu da Petrobrás, que gostaria de concluir as alterações até o fim do ano, para acelerar também a venda da sua participaç­ão de 47% na empresa petroquími­ca. Mas, segundo apurou o Estadão/Broadcast, executivos das duas sócias estão cientes da complexida­de do processo e não sabem se vão conseguir cumprir o prazo.

Sem mudar o acordo, a Petrobrás se nega a deixar o negócio e, ao mesmo tempo, a investir na Braskem. A estatal e a Odebrecht compartilh­am o controle da empresa, mas as condições são mais favoráveis para o grupo baiano, que tem, por exemplo, o direito de indicar mais representa­ntes para o conselho da petroquími­ca e também de definir os principais executivos da empresa. A avaliação da estatal é que assim a suafatia perde valor e pode ser menos atraente para um comprador.

A venda de fatia na Braskem faz parte do plano da Petrobrás de se desfazer de US$ 21 bilhões em ativos ao longo deste e do próximo ano. Num primeiro momento, a estatal achou que teria dificuldad­e em acelerar as discussões com a Odebrecht, que, alvo de denúncias de participaç­ão em esquemas de corrupção no Brasil e países vizinhos, teria outras prioridade­s. Mas, logo nas primeiras conversas, se surpreende­u com a disposição do grupo de avançar na revisão do acordo de acionistas. Hoje, a avaliação é que as reuniões têm sido positivas.

A Petrobrás aposta, entre outros pontos, que a Odebrecht também tem pressa porque quer contar com um sócio com capacidade de investir, o que não é o caso da estatal. Além disso, é possível que o grupo baiano aproveite para, assim como a petroleira, vender uma fatia da Braskem para fazer caixa durante esse atual momento de crise financeira. Nada disso, porém, é certo. As discussões ainda são preliminar­es. Procuradas, Braskem, Petrobrás e Odebrecht não comentaram.

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