O Estado de S. Paulo

A volta do velho guerreiro

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foi como se fosse de uma atração ao vivo, com direito a improvisos do ator.

Além da interpreta­ção impecável de Stepan, o especial faz essa ponte com o programa original em outros aspectos. Entre eles, um cenário fiel ao do Cassino do Chacrinha, incluindo os tubos de metal, mas com o acréscimo de alguns elementos modernos, como efeitos especiais de luz e projeções em LEDs. A autoria é do cenógrafo Mario Monteiro, que está na Globo há 50 anos e é irmão do autor da cenografia original, de 1982, já morto.

Foram mantidos ainda quadros clássicos, como o cantor mascarado, agora com Luan Santana, e a entrevista com o artista, com participaç­ão de Anitta. “O troféu abacaxi, em vez de ser show de calouros, traz atores da Globo imitando o Chacrinha: Tom Cavalcante,

Emoção.

Marcelo Adnet, Marcius Melhem, Welder Rodrigues e Otaviano Costa”, acrescenta Daniela Gleiser. Já o corpo de jurados é formado por comunicado­res da casa: Luciano Huck, Angélica, Tiago Leifert, Ana Maria Braga, André Marques, Gloria Maria, Fernanda Lima e Regina Casé.

Sem esquecer, claro, das atrações musicais, mesclando artistas que se apresentar­am no programa do Chacrinha naquela época e outros que estariam no Cassino se ainda estivesse no ar: de Roberto Carlos e Ney Matogrosso, passando por Fábio Jr., Luiz Caldas e Sidney Magal, até Ivete Sangalo e Marília Mendonça. “A gente fez um recorte, não tinha como chamar todo mundo. O axé não podia faltar, porque, depois que o Luiz Caldas foi no Chacrinha, o axé deu uma guinada, e bombou. Então, a gente achou que ter o Luiz Caldas ali seria ótimo. O Magal foi lançado no Chacrinha. Tinha que ter um rock 80, então chamamos a Blitz. Fábio Jr. era apaixonado pelo Chacrinha, e ainda é. O Chacrinha era apaixonado pelo Roberto, ele chorava toda vez que ele ia”, conta a diretorage­ral. Segundo ela, o Rei Roberto aceitou o convite prontament­e. “A memória que as pessoas têm do Chacrinha é muito afetiva. Então, quando a gente falava que queria fazer o especial, elas queriam estar lá.” Muitos deles, aliás, se emocionara­m com esse ‘reencontro’ com Chacrinha e abraçaram Stepan como se estivessem novamente nos braços do velho guerreiro.

Um dos convidados do especial, Ney Matogrosso era presença frequente no Cassino do Chacrinha. “Minha relação com ele era a mesma que todo mundo daquela época tinha. Era um lugar onde as pessoas lançavam discos, frequentav­am regularmen­te o programa. Era um lugar com talvez o maior índice de audiência, e fora ele, né?”, lembra Ney, que canta no especial a música Por Que a Gente É Assim?, a mesma que Chacrinha pediu para Ney cantar duas vezes na primeira vez que o cantor esteve no programa. “Você já viu isso acontecer em algum programa de TV? Cantar duas vezes a mesma música? Ele liberou as chacretes, elas ficaram em volta de mim, pareceria uma orgia, elas passando a mão e eu cantando, porque tudo isso podia num programa à tarde.”

E, para o cantor, como Chacrinha, essa tão figura anárquica da TV, existiria nos dias de hoje? “Acho que, nesse contexto de hoje, não haveria Chacrinha, não haveria Secos e Molhados, porque hoje está uma caretice imperando, ou uma falsa moralidade”, responde Ney. “E tem também essa coisa esquisita chamada politicame­nte correto. O politicame­nte correto é uma régua que eles passam: daqui para cá, nada; daqui para lá, nada; só nesse meio aqui pode transitar. É muito chato. Tento conviver fora disso, sem me preocupar com isso, mas acho muito chato ter que pensar nisso, que isso existe.”

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REPRODUÇÃO DE FOTO/FABIO MOTTA/ESTADÃO Stepan no comando do especial de TV (foto maior)e com Ney Matogrosso (acima); e o original, com o Rei Roberto (E)

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