O Estado de S. Paulo

Idade provecta, saúde perfeita

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Nosso viajante informa aos leitores que, em função do calor excessivo, da enorme massa de turistas em movimento e de outros motivos pouco relevantes, não está inspirado para escrever uma nova coluna nesta semana, ainda mais que, em função de sua ida a Churchill, no Canadá, Trashie (a mascote siberiana) quase foi devorada por um urso polar. Por isso pede vênia para republicar uma coluna muito antiga – quase do tempo dos faraós – para voltar a explicar aos leitores sobre questões relativas à sua saúde, respondend­o à perguntas recorrente­s. Ela está a seguir.

Mr. Miles: o senhor nunca cansa dessa rotina de viajar? E como faz para enfrentar o estresse do fuso

horário?

Monica Weinstein, por e-mail

“Well, my dear: sua pergunta é pertinente, indeed. Mas apenas do ponto de vista de um não viajante. As you know, eu não viajo – eu vivo no mundo, o que é muito diferente. É claro que não sou nenhum super-homem, que me canso, me enfastio e tenho dores (ultimament­e, by the way, tenho cobrado melhor desempenho de meu joelho direito, que tem decidido fraquejar em momentos de grande esforço).

A diferença é que não sou um turista, tampouco um caixeiro-viajante ou um comissário de bordo. I never have to follow a schedule, a não ser que me determine a fazê-lo. Assim, Monica, se um lugar me agrada, vou ficando. If I feell sick, protelo a partida. Quando estou incomodado pelo frio, rumo para um lugar quente. Quando há excesso de agitação, dirijo-me para um endereço pacífico. A mobilidade, my dear, é ótima profilaxia e, sometimes, excelente remédio. Quanto ao jet leg, Monica, confesso que nos primórdios da aviação passei por alguns desajustes. Hoje sou perfeitame­nte capaz de desembarca­r numa cidade às 6 da tarde com meu relógio biológico ajustado para as 6 da manhã e desfrutar de um agradável happy hour.”

Mr. Miles, o senhor faz check-ups de vez em quando?

Dr. Martins Braga, por e-mail

“Thank you for your concern, doctor. Por insistênci­a de minha tia Charlotte, fiz uma avaliação geral de minha saúde no ano em que aqueles meninos de Liverpool lançaram, if I remember, o disco

Yellow Submarine. Estava tudo em ordem, I must say. Depois disso, my friend, exceto pelas recidivas da malária que contraí no Congo, nos anos 50, não tive nada de grave a registrar. Ah, ia quase me esquecendo: fraturei alguns ossos em amazing adventures ao redor do mundo e sobrevivi a uma picada de escorpião na Namíbia, graças a uma garrafa de single malt, o único e melhor antídoto disponível. Também sofro, raramente, de disenteria­s e gripes, que curo com ervas da ancestral sabedoria zulu e, of course, remédios de bons laboratóri­os. Não pretendo fazer outros check-ups, por três boas razões. A vida tem sido generosa comigo, sou partidário da teoria de que quem-procura-acha e, last but not least, minha tia Charlotte já não está entre @viagemesta­dao nós, que Deus a tenha.”

Para manter-se assim ativo em provecta idade, o senhor faz uso de alguma vitamina especial?

João Américo Magalhães, Belo Horizonte

“Provecta, my friend, means avançada. E então eu lhe pergunto: provecta em relação ao quê? Considerom­e, in fact, uma pessoa avançada, porque sou um ser semovente num universo sedentário. Quanto à minha idade, John, ela é justamente a que tenho: não está adiantada nem atrasada. Don’t you agree?

Não quero ser cabotino, mas é óbvio que minha ‘vitamina especial’ é esse entusiasmo que conservo em descobrir lugares e pessoas. Uma tarefa tão agradável quanto eternament­e desafiador­a. No dia em que não houver mais dessas pílulas em minha farmácia espiritual, o jornal, I’m afraid, provavelme­nte terá de arranjar outro colunista.”

É O HOMEM MAIS VIAJADO DO MUNDO. ELE ESTEVE EM 183 PAÍSES E 16 TERRITÓRIO­S ULTRAMARIN­OS

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