O Estado de S. Paulo

Pela Europa, sobre trilhos

- Bruna Toni

Roteiros de trem pela Europa são sonho de consumo de quem quer cruzar o continente e, para brasileiro­s, com poucas opções pelos trilhos no País, têm ainda o valor da experiênci­a.

Além da praticidad­e – você embarca e desembarca em áreas centrais das cidades, com fácil acesso a transporte público se for necessário –, há detalhes importante­s para iniciantes, como eu era. Comprar passagens é bem simples nos sites das companhias nacionais de cada país ou no de empresas como a Rail Europe (raileurope.com.br), que oferece diversos trajetos e tem busca e descrições em português.

Na maioria das estações, não há raio X ou check-in, o que permite chegar à estação minutos antes da partida; e, mesmo quando existem, tais procedimen­tos são mais simples. Outra vantagem é que não há limite de peso das bagagens. Cuidado com o exagero: quem leva as malas para dentro do vagão é você.

Deixe passagens e o passaporte em mãos, eles serão conferidos por fiscais durante a viagem. E atenção aos campos que devem ser preenchido­s: faça isso antes de embarcar. Burocracia em dia, veja cinco roteiros para percorrer o Velho Mundo com o rosto grudado na janela, vendo as fronteiras desaparece­rem. É a viagem ideal para colecionad­ores de países e apaixonado­s por história. São 2 horas e meia pelos trilhos que cruzam os vastos campos da Hungria até a Eslováquia. Enquanto Buda merece ao menos quatro dias, dá para visitar Bratislava em apenas um. Optei pelo bate-volta, mas é comum incluir no clássico roteiro pelo Leste Europeu Praga, Viena e Berlim. Chegar à estação Budapest Keleti é fácil de metrô (pegue a linha 2); já em Bratislava, é possível pegar tanto um ônibus na saída da estação Hlavná Stanica quanto andar por 30 minutos até o castelo, sua principal atração. Passagens da Rail Europe saem por US$ 65 (primeira classe) e US$ 37 (segunda classe). Na primeira, há mais privacidad­e (as poltronas são dispostas em cabines para até seis pessoas) e lugar para guardar as bagagens. Não há Wi-Fi. Se há um lugar onde a paisagem do outro lado da janela vale cada minuto da viagem, esse lugar é a Noruega. O trecho pelos trilhos mais famoso é o de Bergensban­en, entre a cosmopolit­a Oslo e a universitá­ria Bergen. São cerca de 6h30 (ou seja, nada de bate-volta), com passagens a 449 coroas norueguesa­s (R$ 182) na NSB (nsb.no/en), a companhia nacional. Mas é possível fazer um trajeto menor por Flam, um vilarejo no fiorde de Aurlandsfj­ord. É uma das ferrovias mais íngremes do mundo – quando fiz, fui até Myrdal (1 hora) e vi neve pela primeira vez. Desde 360 coroas norueguesa­s (R$ 146). Há tempos o desejo de ir de Londres a Paris de trem me perseguia. O trajeto do Eurostar é rápido – cerca de 2 horas – e as burocracia­s, menores do que as de aeroporto. Menores, mas não inexistent­es. Diferentem­ente dos demais trechos, há check-in (encerrado 40 minutos antes do embarque) e raio X. Pelo menos as bagagens não precisam ser despachada­s. Outra vantagem são os pontos de partida e chegada nas capitais: centrais e mais acessíveis que os aeroportos.

Na Rail Europe, as passagens custam US$ 157 (primeira classe) e US$ 94 (segunda classe), e há tarifas melhores comprando com antecedênc­ia. A principal diferença entre as classes é que na primeira há serviço de bordo. As poltronas são confortáve­is, mas não reclinam e, quando viajamos, o trem ainda não oferecia Wi-Fi, o que deve mudar em breve com a atual substituiç­ão da frota. A parada em Bruxelas foi motivada pela economia: de Budapeste, onde estávamos, era mais barato ir de avião até lá para, depois, seguir de trem a Amsterdã, onde passaríamo­s três dias. Uma ótima decisão: trata-se da capital da União Europeia, da casa do Tintin, da terra dos melhores chocolates e cervejas. Um dia é suficiente, mas, se puder, fique três e estique até Bruges (também de trem). Bruxelles-Midi é a estação que liga a capital belga à holandesa. Já a chegada à Amsterdaam Centraal é a outra vantagem. A bela estação do século 19 foi projetada pelo mesmo arquiteto do Rijksmuseu­m e é monumento nacional. Nos trens Thalys, os mais modernos e confortáve­is que testamos, as passagens custam US$ 60 (primeira classe) e US$ 36 (segunda classe) na Rail Europe, com serviço de bordo e Wi-Fi gratuito. Todo lugar tem sua história, é verdade. Mas Nápoles e Pompeia, mais ao sul da Itália, podem se gabar de terem sido palco de boa parte dela. A viagem de trem entre as duas é bem rapidinha (em uma hora você chega) e, por isso, ótima para bate-voltas. Com a EAV Campania Express (eavsrl.it), há passagens a partir de 8(¤ 15 se for ida e volta). Outra possibilid­ade, mais puxada para apenas um dia, é sair da capital Roma e ir até Nápoles de trem. O trecho leva de uma a três horas, dependendo da velocidade do transporte – as opções estão no site da Trenitalia (trenitalia.com), a partir de ¤ 12,30.

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RAIL EUROPE
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BRUNA TONI/ESTADÃO Estação central de Amsterdã é considerad­a monumento nacional
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CRIS TOALA OLIVARES/REUTERS Atração.

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