O Estado de S. Paulo

Tesouro critica, mas Rio obtém acordo

Crise. Parecer técnico aponta inconsistê­ncias no plano de recuperaçã­o fiscal do Estado, entre elas estimativa­s subestimad­as de cresciment­o da folha de pagamento; programa deve ajustar as contas do governo fluminense em R$ 63 bi nos próximos três anos

- Adriana Fernandes Lu Aiko Otta Lorenna Rodrigues /

O Plano de Recuperaçã­o Fiscal do Rio foi fechado pelo presidente em exercício, Rodrigo Maia, apesar de inconsistê­ncias apontadas pelo Tesouro. O acordo abastece o caixa do Estado com R$ 11,1 bilhões. Sem ele, o Rio acumularia R$ 63 bilhões de restos a pagar até 2020.

Passando por cima de uma série de ressalvas feitas pelo Tesouro Nacional e de um evidente mal-estar na área econômica, o governo homologou ontem o Plano de Recuperaçã­o Fiscal do Rio de Janeiro. O programa pretende ajustar as contas do Estado em R$ 63 bilhões nos próximos três anos e pode ser prorrogado por outros três anos. Esse é o tamanho das contas que não seriam pagas até 2020 se o socorro não saísse, de acordo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

A assinatura do acordo permite de imediato a injeção de R$ 11,1 bilhões de dinheiro novo no caixa do governo fluminense entre 2017 e 2018 – ponto central do socorro federal e que vinha sendo motivo de desgaste com a área técnica. Em 30 dias, o governo começará a colocar as contas em dia, inclusive os salários dos servidores, com o empréstimo de R$ 3,5 bilhões que será dado por um consórcio de bancos como antecipaçã­o pela venda da Cedae, a companhia estatal de água e esgoto. O empréstimo terá garantia da União.

Em parecer técnico, no entanto, o Tesouro encontrou “fragilidad­es materiais e formais” no plano. Nove delas com maior potencial para afetar o equilíbrio fiscal estadual ou mesmo a execução do plano. Entre os problemas apontados, o Tesouro colocou as medidas de gasto com pessoal (ativos e inativos), cujas estimativa­s de cresciment­o podem estar subestimad­as.

Outro ponto ressaltado pelo Tesouro mostra que as estimativa­s de impacto do aumento de ICMS de energia elétrica, telecomuni­cações, gasolina, cerveja e chope não traz informaçõe­s suficiente­s para que os cálculos sejam validados. Na lista de fragilidad­es, constam ainda as receitas previstas com a operação de securitiza­ção da dívida ativa, que consiste em vender a iniciativa privada o direito de cobrar parte dos débitos com o Estado. Essas medidas dependem de aprovação do Tribunal de Contas do Estado (TCE)e reforçaria­m o caixa em R$ 1 bilhão neste ano e em 2018.

O Tesouro recomenda medidas adicionais para compensar os riscos das medidas atuais não surtirem efeito. Entre as sugestões estão inclusive a oferta de redução do ensino superior pelo Estado, medida que foi entendida erroneamen­te como o fim da Uerj, a universida­de estadual.

O parecer sofreu críticas do Palácio do Planalto por ter chamado atenção para as inconsistê­ncias do plano. Mesmo com todas as ressalvas listadas pela área técnica, a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, assinou o parecer com a recomendaç­ão do plano.

Questionad­o, o secretário­executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou que o parecer do Tesouro sobre o plano mostra que as medidas propostas são “suficiente­s” para o equilíbrio do Estado.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Minha base. Maia se emociona em evento e é abraçado por Pezão

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