O Estado de S. Paulo

Procurador denuncia Lula e Dilma por ‘quadrilha do PT’

Procurador-geral acusa ex-presidente­s petistas de formar esquema para arrecadar propina

- Breno Pires Rafael Moraes Moura / BRASÍLIA / COLABORARA­M RICARDO GALHARDO e RENAN TRUFFI

Rodrigo Janot denunciou Lula e Dilma Rousseff por participar de organizaçã­o criminosa para desviar dinheiro da Petrobrás enquanto estiveram na Presidênci­a. Na acusação, Janot aponta Lula como “grande idealizado­r” do esquema, descreve pagamentos de vantagens indevidas de R$ 230 milhões para o ex-presidente por suposto favorecime­nto de empresas como Odebrecht e OAS e pede pena maior para ele.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente cassada Dilma Rousseff por formar uma organizaçã­o criminosa enquanto estiveram na Presidênci­a da República.

Na acusação, Janot aponta Lula como “grande idealizado­r” da organizaçã­o criminosa investigad­a pela Operação Lava Jato e pede pena maior ao expresiden­te. O procurador-geral da República descreveu pagamentos de vantagens indevidas a Lula em valores que, somados, chegam a R$ 230 milhões.

Também foram denunciado­s a senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR), atual presidente nacional do partido, os ex-ministros Guido Mantega, Antonio Palocci, Paulo Bernardo e Edinho Silva e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

De acordo com a denúncia, que é embasada em delações premiadas, o grupo formou um esquema de arrecadaçã­o de propina por meio de estatais, como a Petrobrás e o BNDES, além do Ministério do Planejamen­to, que permitiu o recebiment­o de propina estimada em ao menos R$ 1,485 bilhão.

“Os crimes praticados pela organizaçã­o geraram prejuízo também aos cofres públicos. Nesse sentido, só no âmbito da Petrobrás o prejuízo gerado foi de, pelo menos, R$ 29 bilhões, conforme expressame­nte reconhecid­o pelo Tribunal de Contas da União”, afirmou o procurador-geral da República.

Janot afirma que Lula também foi um dos responsáve­is pelo desenho do sistema de arrecadaçã­o de propina e “atuou diretament­e na negociação espúria em torno da nomeação de cargos públicos com o fato de obter, de forma indevida, o apoio político necessário junto ao PP e ao PMDB para que seus interesses e do seu grupo político fossem acolhidos no âmbito do Congresso Nacional ”. Eque continuou como líder do núcleo político da organizaçã­o criminosas oba gestão de Dilma Rousseff.

Na descrição sobre o esquema criminoso, Janot afirma que os políticos queriam usar o orçamento da Petrobrás “para arrecadar o máximo possível de vantagem indevida junto aos grupos econômicos com interesse em negócios coma estatal ”.

Na denúncia, que soma 230 páginas, Janot pede que os denunciado­s paguem R$ 150 milhões em reparação por danos morais, sem especifica­r quanto seria para cada um. Ele requer ainda a decretação da perda de bens e valores objeto de lavagem de dinheiro no valor de R$ 6,5 bilhões, queé oque foi atribuído pelapró pria Petrob rás.

Defesas. A defesa de Lula disse, por meio de nota, que a apresentaç­ão da denúncia é uma tentativa do MPF de desviar o foco. “O protocolo dessa denúncia na data de hoje sugere ainda uma tentativa de mudar o foco da discussão em torno da ilegalidad­e e ilegitimid­ade das delações premiadas”, disse a nota, que ainda aponta perseguiçã­o ao ex-presidente.

Em nota, Dilma disse que a denúncia não apresenta “provas ou indícios da materialid­ade de crime” e, por essa razão, “não tem fundamento”. Luiz Flávio D’Urso, defensor de Vaccari, informou que a denúncia de Janot “é totalmente improceden­te”.

A defesa de Paulo Bernardo disse que não teve conhecimen­to da acusação nem sequer sabia que existia uma investigaç­ão para apurar essas supostas condutas. Para Gleisi, a denúncia tem por objetivo “criminaliz­ar o PT e a política”.

O advogado de Mantega, Fábio Toffic, afirmou que vai ler a denúncia antes de se posicionar sobre o caso.

Edinho Silva disse que “agiu dentro da legalidade e de forma ética” ao atuar na campanha de 2014. Em nota, o PT afirmou que “não há fundamento algum nas acusações”. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Palocci até a conclusão desta edição.

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HONORIO MOREIRA/FUTURA PRESS Ex-presidente. Para defesa de Lula, intenção é desviar foco

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