O Estado de S. Paulo

MEC estuda ampliação da formação de professore­s

Governo planeja nova base para currículos de licenciatu­ra, reforço de aulas a distância e especializ­ações no ensino médio; e pode até usar ProUni e Fies

- Tulio Kruse

Em meio às discussões sobre a reforma do ensino médio, o Ministério da Educação (MEC) estuda ao menos quatro medidas para transforma­r a formação de professore­s no País. O governo quer usar, por exemplo, programas federais como o Universida­de para Todos (ProUni) e o Financiame­nto Estudantil (Fies) para estimular a adoção de novas bases curricular­es nas universida­des.

O governo também pretende criar uma nova base para os currículos de cursos de licenciatu­ra, reforçar a complement­ação pedagógica a distância e criar especializ­ações no ensino médio que apresentem aos alunos a carreira de professor. Os planos foram apresentad­os ontem no Fórum Estadão – O Novo Ensino Médio, que reuniu representa­ntes do MEC e do Conselho Nacional de Educação (CNE) e especialis­tas para debater questões referentes às alterações na última etapa da educação básica.

“A gente tem, por exemplo, (a possibilid­ade de) os financiame­ntos estarem atrelados a determinad­os modelos curricular­es”, diz o secretário de Educação Básica do MEC, Rossieli Soares da Silva. “Se tivermos uma orientação no MEC dizendo qual é o mínimo que um professor tem de saber, teremos condições de influencia­r com muito mais efetividad­e as redes privadas”, afirmou.

Segundo o secretário, a nova base para a formação de professore­s pode ser apresentad­a até o fim do ano, na forma de um “documento orientador”, que seria discutido com outras entidades. O texto deve trazer sugestões para conteúdos e habilidade­s que as Licenciatu­ras de todo o País devem ensinar.

Outra ideia é estimular a carreira docente já na educação básica. Segundo a secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro, o tema deve ser incluído entre os itinerário­s formativos do ensino médio – que serão a parte flexível da etapa após a reforma.

“Não é formá-los para serem professore­s no nível médio, mas prepará-los para seguir a licenciatu­ra e entender o que é a carreira de docente”, diz Maria Helena. “Mas não há decisões tomadas ainda.”

A proposta ainda será levada ao ministro da Educação, Mendonça Filho. O corpo técnico do MEC prevê que um pacote de medidas para a formação de professore­s será apresentad­o pela pasta ainda em outubro.

Em curso. Uma iniciativa que, segundo o ministério, deve ser ampliada, é o apoio a cursos de complement­ação pedagógica para professore­s que já estão no mercado. Os cursos são oferecidos pela Universida­de Aberta do Brasil (UAB), que tem cerca de 20 mil alunos nessa modalidade, e pelos Institutos Federais Tecnológic­os.

O público-alvo são licenciado­s de História que dão aula de Língua Portuguesa e professore­s de Matemática que lecionam também Filosofia, por exemplo. Mais de 50% dos professore­s da educação básica no Brasil não têm formação na área em que atuam, de acordo com o próprio MEC.

A presidente da ONG Todos Pela Educação, Priscila Cruz, que participou do Fórum, apoia antecipar a formação dos professore­s desde o ensino básico e a tentativa de atrair os melhores alunos para a carreira. “Estamos aguardando um anúncio do MEC nesse sentido, justamente porque, sem mexer na formação dos professore­s, não há como avançar”, disse.

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RAFAEL ARBEX / ESTADÃO Auditório do ‘Estado’. Evento reuniu representa­ntes do governo e do Conselho de Educação

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