Supremo homologa acordo do delator Lúcio Funaro
Decisão era aguardada pelo procurador-geral Rodrigo Janot, que quer usar parte da delação na denúncia contra Temer
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou ontem o acordo de colaboração premiada do corretor Lúcio Funaro, que admite à Justiça ter sido o operador financeiro do PMDB da Câmara e informa fatos supostamente criminosos que envolvem autoridades do partido com foro privilegiado. O conteúdo de delação segue sob sigilo.
A decisão, que confere validade jurídica aos documentos e depoimentos do delator, era aguardada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que quer usar parte da delação na denúncia que prepara contra o presidente Michel Temer.
Alvo de denúncia por corrupção passiva barrada na Câmara, o presidente da República ainda é investigado sob supostos crimes de obstrução da Justiça e organização criminosa. A PGR pretendia encaminhar a nova denúncia contra Temer nesta semana. Segundo Janot, os fatos “gravíssimos” detectados na conversa entre delatores da JBS não devem atrasar a apresentação da nova acusação.
Procurado, o Palácio do Planalto afirmou que não se manifestará sobre a homologação da delação de Funaro.
O sigilo da delação não foi retirado por Fachin porque não houve solicitação da PGR, que firmou o acordo com o doleiro no dia 22 de agosto.
Com a homologação do acordo, a PGR tem a possibilidade de pedir a abertura de novos inquéritos, a juntada de documentos e depoimentos em investigações já abertas e também a retirada do sigilo da delação.
Preso desde 1.º de julho de 2016, Funaro é aliado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Entre outros integrantes do grupo do PMDB ao qual o delator faz referência em seu acordo de colaboração estão os atuais ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco e os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, além do próprio presidente Michel Temer.