O Estado de S. Paulo

Planalto quer enfraquece­r tentativa de Janot de apresentar nova denúncia.

- Vera Magalhães

Adefesa de Michel Temer vai se concentrar em questionar perante o Supremo Tribunal Federal o fato de que a gravação feita por Joesley Batista da conversa com o presidente no Palácio do Jaburu em 7 de março se deu sob orientação de um procurador da República, mas sem autorizaçã­o da Corte.

A linha de argumentaç­ão dos advogados será que Temer foi alvo de uma espécie de operação controlada sem autorizaçã­o judicial, o que seria razão suficiente para anular todos os atos decorrente­s da gravação, inclusive a denúncia apresentad­a por Rodrigo Janot contra o peemedebis­ta.

“O Supremo vai permitir que seja feita uma ação controlada sobre o presidente da República sem seu consentime­nto, sob as orientaçõe­s do Ministério Público?”, questiona um interlocut­or de Temer. As próximas iniciativa­s da defesa devem ser afinadas com Temer assim que ele desembarca­r hoje.

Os advogados vão insistir em obter acesso aos áudios que estão de posse do STF desde junho e teriam conteúdo similar ao das conversas entre Joesley e Ricardo Saud que vieram a público nesta semana. A defesa do presidente questiona a justificat­iva do ministro Edson Fachin para decretar sigilo dos outros áudios – a inviolabil­idade da relação entre advogado e cliente. Afinal, as várias horas recuperada­s pela Polícia Federal seriam todas de conversas entre advogados e delatores?

Toda a ofensiva do Planalto será para enfraquece­r tentativas de Janot de apresentar uma ou mais novas denúncias contra Temer. O discurso, a ser repetido por aliados no Congresso, será o de que o procurador-geral perdeu condições éticas e funcionais para representa­r contra o presidente.

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