Visita é antecedida por trégua com ELN
A chegada do papa Francisco a Bogotá ocorre dois dias depois de um cessar-fogo bilateral acertado entre o governo e a segunda maior guerrilha do país, o Exército de Libertação Nacional (ELN). Na semana passada, as Farc apresentaram seu novo partido – Força Alternativa Revolucionária do Comum – que manterá a sigla usada pela guerrilha no campo da política.
Um possível acordo de paz com o ELN também deve ser encorajado pelo papa, que foi decisivo nas negociações entre o presidente Juan Manuel Santos e as Farc. Na agenda de Francisco na Colômbia, devem estar ainda, segundo analistas, a questão ambiental, a denúncia do narcotráfico e o combate à pobreza. Durante a viagem, o papa deve tratar também, ainda que lateralmente, da crise na Venezuela, onde o Vaticano tem tentado viabilizar negociações entre a oposição e o governo do presidente Nicolás Maduro.
Desde o início do pontificado, Francisco tem se envolvido na ação política e diplomática, diferentemente de seu antecessor, Bento XVI. “A política é uma das formas mais caras de caridade, porque serve ao bem comum”, disse o argentino ao tornar-se papa em 2013.
Para analistas, essa frase tem marcado o papado do primeiro papa latino-americano da história. “A ação política do papa se dá em termos diplomáticos”, disse o professor de ciência política da Universidade de Rosário, Vicente Torrijos.
Além do acordo com a Colômbia e a crise com a Venezuela, o papa promoveu também a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. “O que o papa tem feito é revisar o conceito da Igreja como uma monarquia absoluta”, disse o teólogo da Université Laval, Juan Manuel Torres. O pontífice tem sido um forte crítico do atual modelo econômico que, segundo ele mata e, “somado à corrupção e à falta de ética, faz com que os políticos percam a confiança dos cidadãos”.