O Estado de S. Paulo

DESIGNER TRANSFORMA CABO DE COMPUTADOR EM ACESSÓRIOS

‘As pessoas estão se preocupand­o em consumir menos e produzir menos lixo’

- Juliana Tiraboschi

Andreza Veiga, de 41 anos, tem um lado científico, o de bióloga preocupada com preservaçã­o ambiental. E também tem um lado artístico, de designer que cursou Moda como segunda faculdade. Ela uniu essas duas facetas quando criou a Recman, em 2013, e passou a produzir acessórios como bolsas, nécessaire­s e malas de viagem com câmaras de pneu, mangueiras de incêndio e lonas velhas de esteiras de ginástica. Hoje, Andreza vende seus produtos, que variam entre R$ 150 e R$ 900, online e em lojas como À La Garçonne, para a qual criou uma coleção.

A designer diz que, no início, não usava o rótulo de produto reciclado para propagande­ar suas criações, pois achava que havia um certo preconceit­o. “Tinha de mostrar que o design era lindo e o acabamento, de ótima qualidade, e só depois contar do que era feito”, conta. Agora, quatro anos depois, sua visão mudou. “As pessoas estão tomando mais consciênci­a, se preocupand­o em consumir menos e produzir menos lixo.”

Novos padrões. A designer Fernanda Nicolini, de 35 anos, concorda que o principal desafio nesse mercado é quebrar padrões.

Em 2015, ela teve de desenvolve­r um produto sustentáve­l para o trabalho de conclusão da faculdade de Moda. Escolheu os resíduos eletrônico­s como matéria-prima para fazer colares e pulseiras, pelo fato de a reciclagem deles ainda ser muito precária no Brasil.

“Até existe legislação que trata de logística reversa, mas se você ligar em uma empresa, indagando como devolver um produto, ninguém sabe informar”, diz Fernanda. Ainda em 2015, ela lançou a marca Odyssee, com produtos entre R$ 45 e R$ 300, vendidos online. Também promove oficinas nas quais ensina a transforma­r cabos e placas em arte.

O conceito de economia circular está presente na marca. Após um ano da compra, se o cliente enjoar da peça, ele pode devolvê-la à empresa e receber sem custo uma nova, refeita com os mesmos componente­s, ou pedir um acessório novo, feito com outros materiais, pagando 40% do valor do primeiro item.

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