Escândalo faz a crise do COI crescer
Entidade sente golpe, mas tenta se distanciar das denúncias e diz lutar para proteger o processo de candidatura de sedes
O escândalo da compra de votos da Olimpíada do Rio abriu uma crise no COI e colocou sob suspeita os critérios utilizados pela entidade para a escolha de suas sedes. Para piorar, ocorre às vésperas da reunião em Lima em que órgão vai designar oficialmente Paris e Los Angeles como anfitriãs dos Jogos de 2024 e 2028. O encontro também serviria para consolidar uma nova agenda no movimento olímpico, baseada na transparência e até com critérios de combate à corrupção.
O temor, agora, é de que o impacto do escândalo possa afetar patrocinadores e o interesse comercial pela Olimpíada. E, se não bastasse o caso do Rio, a operação revela que a Justiça francesa também investiga as suspeitas sobre a compra dos votos por Tóquio para sediar o evento olímpico de 2020.
O COI, numa estratégia que vem adotando há meses, tentou se distanciar do caso. Num comunicado, a entidade indicou que a investigação faz parte do processo “mais amplo” da Operação Lava Jato e garantiu estar em contato com as autoridades francesas desde o início.
Segundo a entidade, a nova fase de investigações se concentra em Papa Massata Diack, filho do ex-dirigente Lamine Diack. “Papa Diack nunca teve um cargo dentro do COI e seu pai perdeu o título de membro honorário em 2015”, justificou o órgão. “É de maior interesse do COI proteger a integridade de seu processo de candidatura e de lidar e sancionar qualquer violação nesse sentido”, diz a instituição com sede na Suíça.
No entanto, fontes dentro do movimento olímpico confirmaram que o clima, ontem, era de tensão e que a operação “Unfair Play” foi recebida como uma “péssima notícia” para a credibilidade da entidade. “A crise é profunda’’, admitiu um dos membros do órgão, pedindo anonimato ao Estado.
Nuzman ganhou cargo em um dos comitês de preparação dos Jogos de 2020 no COI. A entidade em Lausanne não respondeu quando foi questionada pelo Estado se abriria uma investigação sobre o brasileiro nem o que faria com sua participação no cargo, já que Nuzman está proibido de sair do Brasil.