O Estado de S. Paulo

Senado aprova com folga criação da TLP

Nova taxa de juros do BNDES foi aprovada por 36 votos a 14; medida deve reduzir subsídios do Tesouro

- E.R. e A.F.

O governo jogou toda sua força para aprovar no Senado a nova taxa que balizará os financiame­ntos do BNDES, a TLP. O debate em torno da nova política do governo para os juros do banco virou uma espécie de Fla x Flu, opondo de um lado o Ministério da Fazenda e o Banco Central e, do lado oposto, a direção do BNDES, o senador José Serra (PSDB-SP) e empresário­s do setor produtivo, representa­dos, sobretudo, pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

A medida provisória aprovada ontem cria uma nova referência para os empréstimo­s do BNDES, chamada Taxa de Longo Prazo (TLP), que seguirá as taxas pagas pelo governo para se financiar no mercado com títulos de cinco anos de prazo. Substituir­á a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje fixada pelo governo. A vitória foi por 36 votos a 14.

Desde a edição da MP, a equipe econômica frisou que a nova taxa é um dos principais projetos do governo dentro do ajuste fiscal, na medida em que reduz os subsídios custeados pelo Tesouro Nacional nos empréstimo­s do banco de fomento. Ele consiste na diferença entre a TJLP, (atualmente de 7% ao ano), historicam­ente menor, e a taxa básica de juros, a Selic (até agora, em 9,25% ao ano). No passado, a diferença já foi muito maior, gerando uma conta bilionária aos cofres públicos. Segundo o Ministério da Fazenda, o Tesouro Nacional bancou R$ 240 bilhões entre 2007 e 2016 por conta dessa diferença. Em 2016, por exemplo, esse custo foi de R$ 29 bilhões e para este ano, a conta deve em R$ 15 bilhões.

Com a adoção da TLP, a expectativ­a é de que a conta seja zerada em até cinco anos. A nova taxa começará valendo o mesmo que a TJLP e vai convergir para um valor de mercado.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá, (PMDB/RR), argumentou que a TJLP era decidida sem parâmetro algum pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). “A TLP é um avanço na forma de financiar o setor produtivo nacional”, disse.

Serra defendeu a manutenção da TJLP pelo menos nos financiame­ntos concedidos com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhado­r (FAT). “A TLP vai golpear a taxa de investimen­tos do Brasil que é nossa maior angústia.”

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