Maia chora ao homologar plano de recuperação do Rio
Deputado, que substituía Temer na Presidência, acelerou assinatura do Plano de Recuperação Fiscal do Estado e chorou durante evento
O deputado fluminense Rodrigo Maia chorou ao homologar o Plano de Recuperação Fiscal do Rio no último dia antes de encerrar sua oitava e mais longa passagem pela Presidência. O presidente da Câmara dos Deputados aproveitou o ato como palanque e exaltou seus feitos voltados à sua base eleitoral.
“Só tenho a agradecer, quando eu fico na interinidade, a oportunidade que me dá de poder participar do governo e tomar decisões que entram para a história do Brasil e para a minha história política”, disse ontem.
A área técnica teve de correr para que o plano pudesse ser assinado por Maia na condição de presidente da República em exercício. Com o presidente Michel Temer fora do País, Maia fez um corpo a corpo intenso para acelerar o processo. Desde o início das negociações há mais de um ano, ele usou a sua prerrogativa de definir a pauta de votação da Câmara para conseguir aval do governo ao plano. Em contrapartida, a equipe econômica espera agora apoio decisivo dele para avançar na votação da reforma da Previdência.
“O Estado do Rio se encontra hoje em uma situação de insolvência, com déficits crescentes e insustentáveis”, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A situação é tão grave que a tradicional combinação de medidas para elevar receitas e cortar despesas não seria suficiente para restabelecer o equilíbrio. Por isso, o plano contempla também a suspensão temporária do pagamento de dívidas do Estado com o Tesouro e a obtenção de empréstimos bancários: R$ 6,6 bilhões este ano e R$ 4,5 bilhões em 2018.
Isenções. Pelo lado da arrecadação, o plano prevê medidas como a redução de isenções e do aumento da contribuição previdenciária dos servidores, que elevarão as receitas em R$ 1,5 bilhão este ano, subindo até atingir R$ 9,4 bilhões em 2020. As despesas serão cortadas em valores muito menores. Num primeiro momento em R$ 350 milhões, chegando a R$ 3 bilhões em 2020. A moratória temporária das dívidas com o Tesouro, por sua vez, trará um alívio de R$ 5 bilhões para os cofres estaduais este ano, atingindo R$ 9 bilhões em 2019 e R$ 6,6 bilhões em 2020.
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB) afirmou que uma “conspiração do bem” permitiu que o deputado fluminense estivesse na presidência da Câmara dos Deputados para aprovar o projeto que criou o regime de recuperação fiscal e, agora, interinamente na presidência da República para homologar o acordo do Rio com a União. Pezão chegou a cometer uma gafe ao agradecer o presidente “Michel Maia”.
Na tentativa de afastar rumores de que aproveita suas passagens pelo Planalto para se cacifar e se apresentar como possível substituto, no caso de afastamento de Temer, Maia usou os discursos e as entrevistas que deu ao longo do dia para elogiar a atuação do presidente. Classificou de “humildes” “os gestos” de Temer ao lhe permitir protagonizar solenidades que são importantes para seu reduto eleitoral e afirmou que o peemedebista tem sido “de forma permanente, um aliado”.
À tarde fez uma deferência ainda maior ao respeito que tem pelo presidente. Ao se preparar para discursar, não quis usar o púlpito de Temer para falar.
“A tribuna é de Temer até dezembro de 2018 e devemos respeitá-la como tal”, avisou. Maia.