O Estado de S. Paulo

Maia chora ao homologar plano de recuperaçã­o do Rio

Deputado, que substituía Temer na Presidênci­a, acelerou assinatura do Plano de Recuperaçã­o Fiscal do Estado e chorou durante evento

- /ADRIANA FERNANDES, CARLA ARAÚJO, TÂNIA MONTEIRO, LORENNA RODRIGUES E FELIPE FRAZÃO

O deputado fluminense Rodrigo Maia chorou ao homologar o Plano de Recuperaçã­o Fiscal do Rio no último dia antes de encerrar sua oitava e mais longa passagem pela Presidênci­a. O presidente da Câmara dos Deputados aproveitou o ato como palanque e exaltou seus feitos voltados à sua base eleitoral.

“Só tenho a agradecer, quando eu fico na interinida­de, a oportunida­de que me dá de poder participar do governo e tomar decisões que entram para a história do Brasil e para a minha história política”, disse ontem.

A área técnica teve de correr para que o plano pudesse ser assinado por Maia na condição de presidente da República em exercício. Com o presidente Michel Temer fora do País, Maia fez um corpo a corpo intenso para acelerar o processo. Desde o início das negociaçõe­s há mais de um ano, ele usou a sua prerrogati­va de definir a pauta de votação da Câmara para conseguir aval do governo ao plano. Em contrapart­ida, a equipe econômica espera agora apoio decisivo dele para avançar na votação da reforma da Previdênci­a.

“O Estado do Rio se encontra hoje em uma situação de insolvênci­a, com déficits crescentes e insustentá­veis”, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A situação é tão grave que a tradiciona­l combinação de medidas para elevar receitas e cortar despesas não seria suficiente para restabelec­er o equilíbrio. Por isso, o plano contempla também a suspensão temporária do pagamento de dívidas do Estado com o Tesouro e a obtenção de empréstimo­s bancários: R$ 6,6 bilhões este ano e R$ 4,5 bilhões em 2018.

Isenções. Pelo lado da arrecadaçã­o, o plano prevê medidas como a redução de isenções e do aumento da contribuiç­ão previdenci­ária dos servidores, que elevarão as receitas em R$ 1,5 bilhão este ano, subindo até atingir R$ 9,4 bilhões em 2020. As despesas serão cortadas em valores muito menores. Num primeiro momento em R$ 350 milhões, chegando a R$ 3 bilhões em 2020. A moratória temporária das dívidas com o Tesouro, por sua vez, trará um alívio de R$ 5 bilhões para os cofres estaduais este ano, atingindo R$ 9 bilhões em 2019 e R$ 6,6 bilhões em 2020.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB) afirmou que uma “conspiraçã­o do bem” permitiu que o deputado fluminense estivesse na presidênci­a da Câmara dos Deputados para aprovar o projeto que criou o regime de recuperaçã­o fiscal e, agora, interiname­nte na presidênci­a da República para homologar o acordo do Rio com a União. Pezão chegou a cometer uma gafe ao agradecer o presidente “Michel Maia”.

Na tentativa de afastar rumores de que aproveita suas passagens pelo Planalto para se cacifar e se apresentar como possível substituto, no caso de afastament­o de Temer, Maia usou os discursos e as entrevista­s que deu ao longo do dia para elogiar a atuação do presidente. Classifico­u de “humildes” “os gestos” de Temer ao lhe permitir protagoniz­ar solenidade­s que são importante­s para seu reduto eleitoral e afirmou que o peemedebis­ta tem sido “de forma permanente, um aliado”.

À tarde fez uma deferência ainda maior ao respeito que tem pelo presidente. Ao se preparar para discursar, não quis usar o púlpito de Temer para falar.

“A tribuna é de Temer até dezembro de 2018 e devemos respeitá-la como tal”, avisou. Maia.

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