Paranapanema é aposta de Glencore e atuais acionistas
Sete anos depois de os acionistas da Paranapanema receberem uma oferta da Vale, que avaliou a empresa em cerca de R$ 2 bilhões na época, e com uma grave crise financeira no meio do caminho, a fabricante de cobre pode ganhar, na próxima semana, a marca de uma grande mineradora, a anglo-suíça Glencore. A empresa já concordou em comprar R$ 66 milhões em ações da empresa em sua oferta subsequente restrita. Essa operação tem sido utilizada, em muitos casos, como um aumento de capital privado e pode ser feita de forma mais célere. Os papéis também estão sendo ofertados para alguns investidores qualificados no mercado. Os acionistas da Paranapanema – Caixa Econômica Federal e fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ), além do investidor Silvio Tini, bastante conhecido no mercado acionário brasileiro – devem participar do aumento de capital. A exceção deve ser a Petros (Petrobrás), que precisa lidar com seu déficit e avalia que não é a hora de realizar um desembolso.
» Arrependimento. A ação da Paranapanema é cotada hoje em R$ 1,60, o que representa um valor de mercado de cerca de R$ 510 milhões. Sua dívida, contudo, chega a R$ 2,5 bilhões. Em 2010, a Vale ofereceu R$ 6,75 por ação da Paranapanema em uma oferta pública na bolsa, mas fracassou por não conseguir alcançar o porcentual que havia colocado como mínimo de adesão, de 50% mais uma ação. Na época, a Petros teria vetado a operação.
» Árduo. A oferta da Paranapanema faz parte de seu processo de reestruturação. A empresa acaba de firmar acordo com 11 bancos credores, o que soava impossível algum tempo atrás. Além dos bancos, o processo incluiu a reestruturação de passivo trabalhista e renegociação de acordos comerciais. Procurada, a Paranapanema não comentou por estar em período de silêncio.
» Escravos de Jó. A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) pode ser o caminho que a varejista Centauro, de artigos esportivos, já está trilhando, mas a aposta no mercado é de que a fatia detida pela GP Investimentos mude de mãos e vá para a Netshoes, que abriu capital na bolsa de Nova York neste ano. O negócio, de fato, faria sentido. Até porque, ao menos até o momento, as tratativas para a Netshoes adquirir a rival Dafiti não avançaram. Procurada, a Centauro diz que “a informação não tem procedência”.
» Pré-crise. A Caixa Econômica Federal deve apresentar no resultado do primeiro semestre a menor inadimplência desde o final de 2014. O indicador, considerando atrasos acima de 90 dias, encerrou junho em 2,51%, ante 2,83% em março e 3,20% um ano antes. Trata-se da terceira queda trimestral consecutiva dos calotes, após uma trajetória volátil do índice, pressionado pela crise e por diversos pedidos de recuperação judicial no País. O número será conhecido na divulgação de resultados da Caixa, que atrasou, mas deve sair na próxima semana. Procurado, o banco não comentou.
» Glamour. A incorporadora Cyrela Brazil Realty inaugura hoje, dia 06, sua primeira loja, no Shopping Iguatemi JK. O objetivo é reforçar a associação de seu nome ao mercado de luxo, iniciativa que antecede o lançamento de uma nova série de edifícios para as classes A e AAA, onde o metro quadrado será negociado em torno de R$ 20 mil. Em São Paulo, a média do metro quadrado de imóveis residenciais é de R$ 8,8 mil.
» Rolezinho chique. O espaço funcionará como um local de eventos, degustação de bebidas e exposição de mobílias, eletrônicos, esculturas e peças diversas, ao lado de maquetes de empreendimentos renomados da Cyrela. Quem visitar o local encontrará, por exemplo, uma Ferrari modelo F12 Berlinetta, desenhado pelo estúdio italiano Pininfarina, que também assina o projeto arquitetônico de um dos lançamentos.
» Passo a passo. O Ministério da Fazenda consultou o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a venda de ações de classe especial detidas pela União, chamadas golden share, no âmbito do processo de venda de empresas estatais. Dentre as companhias nesta condição e na mira do governo estão o ressegurador IRB Brasil Re, que acaba de abrir capital, além de Vale, Embraer e Eletrobras.
» Valem ouro. O objetivo do governo é, em um processo de privatização, abrir mão das ações especiais, se necessário, para viabilizar o negócio. Além disso, a percepção no mercado é de que a golden share tem pouco efeito prático e não é muito bem vista, uma vez que garante à União, dentre outros poderes, o de veto em situações estabelecidas em contrato.
» Com a palavra. Procurado, o TCU informou que não há qualquer decisão sobre a consulta feita no último dia 31 de agosto e que tem relatoria do ministro José Mucio Monteiro Filho. A Fazenda explicou que fez uma consulta específica para a hipótese de haver necessidade dentro de um processo de privatização.