O Estado de S. Paulo

Mercado reage bem à reviravolt­a no caso JBS

- / DENISE ABARCA, NIVIANE MAGALHÃES e PAULA DIAS

A suspeita sobre a delação da JBS, anunciada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi recebida pelo mercado como um indicativo de que o governo terá mais chances de seguir com as reformas estruturai­s. O gatilho foi o relato de Janot, que sinalizou a possibilid­ade de anular o acordo de delação premiada de Joesley Batista e de executivos do grupo, devido à omissão de crimes e referência­s indevidas ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal.

Aguardando os desdobrame­ntos, o mercado encarou o episódio como um fator de enfraqueci­mento da segunda denúncia da PGR contra o presidente Michel Temer e, consequent­emente, um fortalecim­ento do governo para seguir adiante com a agenda de reformas, sobretudo a da Previdênci­a. Há grande expectativ­a pela volta de Temer de sua viagem à China, para ver qual será a sinalizaçã­o do governo quanto ao andamento das reformas.

O risco Brasil medido pelo contrato de swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) de cinco anos recuou para abaixo de 190 pontos-base. Próximo ao fechamento do mercado, a pontuação estava em 188,640 pontos, queda de 1,36% em relação ao dia anterior. O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, lembra que o CDS já vinha em trajetória de queda há 15 dias.

No mercado de juros, esse entendimen­to gerou efeito de baixa nas taxas de longo prazo durante todo o pregão, que teve volume robusto de negócios. O dólar rompeu o patamar dos R$ 3,12 e fechou aos R$ 3,1167 – menor nível em pouco mais de um mês –, o que, segundo especialis­tas, reflete a melhora da percepção em relação à crise política.

Apesar do otimismo, o desempenho negativo da bolsa de Nova York e a revelação de que malas de dinheiro foram encontrada­s em um imóvel que seria utilizado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, do círculo próximo ao presidente Temer, interrompe­ram o momento de euforia do mercado de ações.

Pela manhã, o Índice Bovespa chegou a subir 1,46%, embalado pela percepção de fortalecim­ento de Temer. À tarde, chegou a cair 0,42%, diante de uma queda nos ativos na Bolsa de Nova York. No fim do dia, o índice ficou estável (+0,03%), fechando aos 72.150,87 pontos.

Para William Alves, da Valor Gestora de Recursos, o mercado agora se divide entre os que se animam com os efeitos do cenário de queda de juros e recuperaçã­o econômica e os que acreditam que o Ibovespa está esticado e requer correção.

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