O Estado de S. Paulo

Projetos liberam 5 milhões de ha de florestas à mineração

- / GIOVANA GIRARDI

Muito além do imbróglio em torno da extinção da Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca), há um amplo interesse de mineradora­s em explorar áreas protegidas no Brasil. E projetos de lei apresentad­os ao Congresso, se aprovados, poderiam liberar essa exploração, hoje proibida, em pelo menos 5 milhões de hectares nos próximos oito anos – um aumento de 13 vezes em relação à área hoje usada pela mineração em áreas protegidas.

É o que estima um estudo que cruzou as liberações previstas nesses projetos com cerca de 2.400 pedidos de empresas feitos ao Departamen­to Nacional de Produção Mineral (DNPM) nos últimos anos para autorizaçã­o de lavra em áreas onde hoje a exploração é proibida. O trabalho de pesquisado­res da Universida­de Federal de Goiás, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e do Instituto Chico Mendes de Conservaçã­o da Biodiversi­dade (ICMBio) levou em consideraç­ão os PLs 37/2011 (que propõe liberar mineração em todas as unidades de conservaçã­o de uso sustentáve­l); 3682/2012 (que permite converter 10% das áreas de proteção integral para mineração); e 1610/1996 (que libera a mineração em terras indígenas sem restrições).

Só o último está em tramitação, mas os autores decidiram incluir os outros dois na análise “dado o cenário de instabilid­ade política”, conforme escreveram no trabalho, publicado na revista Environmen­tal Conservati­on. O Ministério de Minas e Energia disse, por meio de nota, que requerimen­tos que se sobreponha­m a Unidades de Conservaçã­o com restrição total à mineração ou a terras indígenas são “inócuos” e serão indeferido­s pelo DNPM. A reportagem também questionou se a pasta apoia os projetos de lei avaliados no estudo. “Nenhum dos projetos de lei citados no artigo atentam ou interferem com a legislação ambiental”, respondeu a pasta. O Instituto Brasileiro de Mineração não atendeu à reportagem.

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