O Estado de S. Paulo

BC indica que vai reduzir ritmo de corte da Selic

Copom anunciou queda de um ponto porcentual na taxa de juros, para 8,25% e indicou redução de 0,75 ou 0,50 ponto na próxima reunião

- Fabrício de Castro Fernando Nakagawa/

Com a inflação em queda e a atividade em marcha lenta no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu ontem os juros básicos da economia pela oitava vez consecutiv­a. O colegiado cortou a taxa Selic em 1 ponto porcentual, de 9,25% para 8,25% ao ano, mas sinalizou claramente a intenção de reduzir o ritmo de cortes no próximo encontro, marcado para o fim de outubro. A tendência é que o Copom aplique corte menor no próximo mês, de 0,75 ou 0,50 ponto porcentual.

A decisão de ontem do Copom, que reúne o presidente Ilan Goldfajn e os oito diretores do BC, era amplamente esperada pelo mercado. Pesquisa do Projeções Broadcast com 54 instituiçõ­es financeira­s mostrava que todas esperavam por um corte de 1 ponto porcentual – o quarto consecutiv­o.

Esta certeza foi reforçada na manhã de ontem, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE) informou que a inflação havia ficado em 0,19% em agosto, abaixo das projeções dos economista­s, que variavam de 0,22% e 0,47%. O índice acumulado no ano até agosto está em 1,62%.

Com os preços sob controle, tornou-se inevitável a decisão de corte de 1 ponto porcentual pelo BC. No comunicado divulgado após a decisão, no entanto, o Copom indicou que este ritmo vai diminuir nos próximos encontros. Isso porque, na visão do colegiado, o ciclo de cortes está em nível avançado e pode ter chegado a hora de pisar no freio.

Mensagem. “Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibiliz­ação, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma redução moderada na magnitude de flexibiliz­ação monetária (corte de juros)”, disse o BC, em sua linguagem técnica. “Além disso, nessas mesmas condições, o Comitê antevê encerramen­to gradual do ciclo.”

Na prática, a mensagem é de que os cortes serão menores e que a Selic atingirá determinad­o valor para, depois, se estabiliza­r. O ciclo seguinte pode ser de alta da taxa básica, a depender do andamento da inflação e da atividade. O BC lembrou que no próprio Relatório de Mercado Focus, que compila as expectativ­as do mercado financeiro, as projeções indicam a Selic a 7,25% no fim de 2017, a 7,0% no início de 2018 e a 7,50% no encerramen­to do próximo ano.

“O cenário base passa a ser uma queda de 0,75 ponto na próxima reunião e de 0,50 ponto na seguinte, com a Selic terminando o ano em 7%”, disse o sócio-gestor da Flag Investimen­tos, Sérgio Goldenstei­n. Para ele, a projeção de Selic a 7% no fim de 2017 embute um “risco para baixo”. “A chance de terminar abaixo disso é maior do que de terminar acima”, afirmou ele.

Novos cortes. O economista José Júlio Senna, ex-diretor do BC e chefe de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que o Copom caminha para cortar a Selic em 0,75 ponto porcentual na próxima reunião. O ex-diretor do BC sustenta que a taxa deve terminar 2017 a 7,5% ao ano, com espaço de cair ainda mais.

“Do jeito que as coisas caminham, pode até ceder um pouco mais, com o ganho contra a inflação, que foi extraordin­ário”, comentou. / COLABORARA­M DENISE ABARCA E ANDRÉ ÍTALO ROCHA)

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FONTES: BANCO CENTRAL, MONEYOU/INFINITY ASSET MANAGEMENT INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO
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ADRIANO MACHADO/REUTERS Ritmo. Para Copom, que conta com Ilan, é hora de frear

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