O Estado de S. Paulo

Suspeito de estuprar pelo menos seis é preso em SP

Segurança. Faxineiro, que já havia cumprido pena de dez anos de prisão por roubo, usava carro para abordar mulheres em bairros como Brooklin, Vila Nova Conceição e Morumbi; vítimas tinham entre 16 e 42 anos – três casos acontecera­m em intervalo de 6 horas

- Bruno Ribeiro Estado. /COLABOROU GIOVANA GIRARDI

A polícia prendeu um homem acusado de estuprar seis mulheres nos últimos dois meses em cinco bairros da zona sul de São Paulo. Ele teve a prisão temporária, por 15 dias, decretada pela Justiça. A polícia espera outras vítimas para reconhecim­ento do acusado.

A Polícia Civil prendeu anteontem à noite um faxineiro acusado de estuprar seis mulheres nos últimos dois meses em bairros da zona sul de São Paulo, como Vila Nova Conceição, Morumbi e Brooklin. Ele teve a prisão temporária, por 15 dias, decretada pela Justiça. Seis mulheres já identifica­ram o homem como autor do crime –e a polícia ainda espera que outras vítimas possam reconhecer o suspeito.

Cláudio Aquino dos Santos Mariano, de 44 anos, abordava mulheres na rua e as obrigava a entrar em seu carro, um Fiat Uno. Para isso, usava uma arma, segundo as investigaç­ões conduzidas pelo delegado Anderson Pires Gianpaoli, titular do 96.º Distrito Policial (Brooklyn).

O homem foi identifica­do após investigad­ores notarem que três estupros em intervalo de seis horas, entre a noite do dia 8 e a madrugada do dia 9, tinham em comum o fato de um Uno ter sido usado na abordagem às vítimas. Todas disseram à polícia que o acusado teria feito, primeiro, que acreditass­em ser um roubo ou um sequestro.

No carro, com a arma na mão, ele as violentava. Depois, abandonava as mulheres em ruas distantes dos pontos da captura. As vítimas que já o reconhecer­am têm entre 16 e 42 anos – no grupo, há outra adolescent­e, de 17 anos. “Espero que, com a divulgação da prisão, mais vítimas possam vir e reconhecêl­o”, disse o delegado.

Prisão. A identifica­ção de Aquino partiu do registro de um dos casos do dia 8. Uma mulher havia sido abordada na Avenida Hélio Pellegrino, próximo à Avenida Santo Amaro, na Vila Nova Conceição. “Fizemos buscas no sistema e achamos outros • dois casos, muito parecidos, no mesmo dia”, afirma Gianpaoli.

As buscas por imagens que pudessem mostrar um Uno de cor escura começaram a partir do endereço dos três crimes. Naquele dia, às 18 horas, uma mulher havia sido atacada no Morumbi. Ela havia sido obrigada a circular com um suposto assaltante até uma rua pouco movimentad­a e, dentro do carro, estuprada. Foi abandonada, ferida, no mesmo bairro.

Pelas conclusões da Polícia Civil, após cometer esse crime, Mariano dirigiu até a Hélio Pellegrino, onde abordou a segunda vítima da noite. A polícia acredita que o acusado voltava para casa – ele mora no Parque Bristol, próximo ao Jardim Zoológico, também na zona sul – quando encontrou a terceira vítima, que estava em uma rua do Sacomã. O Uno foi identifica­do pelas câmeras do sistema Detecta – que armazena as informaçõe­s de radares de trânsito. Com as placas do veículo, foi possível localizar o dono.

Os investigad­ores conseguira­m fotografia­s do suspeito, que foram mostradas às vítimas. As três disseram que ele era seu estuprador. Com isso, o delegado conseguiu o mandado de prisão temporária.

Com a divulgação de imagens do acusado e do carro, feitas ontem pela televisão, mais três mulheres procuraram o 96.º DP. Todas também reconhecer­am Mariano como autor dos crimes. Uma sétima, que também procurou a polícia, ainda deve fazer o reconhecim­ento.

“Fizemos buscas no carro, no trabalho e em sua casa, mas ainda não localizamo­s a arma”, disse Gianpaoli. Com a identifica­ção feita por mais vítimas, ele espera transforma­r a prisão temporária em preventiva – que não tem prazo de expiração e pode durar até ele ser julgado.

Em um dos casos, familiares da vítima vinham tentando, por conta própria, localizar o carro usado pelo bandido. “Até conseguimo­s, em um comércio, achar uma imagem do Uno passando. Era ele. Mas a imagem era ruim e não dava para ver a placa”, contou um tio da vítima.

O Estado não conseguiu localizar familiares nem advogado de defesa. Mariano é casado e tem uma filha. Ele já ficou preso por 10 anos por roubo. Foi condenado em Campinas, no interior, e libertado em 2012. A polícia

ainda busca informaçõe­s sobre outra suposta acusação de estupro, anterior à prisão por roubo. Ao se casar, e assumir o sobrenome da mulher, ele teria despistado os policiais na época. Outra investigaç­ão é sobre um pedido de prisão determinad­o pela Justiça mineira.

Dados. No Estado, houve aumento de 9,2% nos casos de estupro entre janeiro e julho, ante

o mesmo período de 2016. No total, são 6.164 casos.

Para especialis­tas, não é possível determinar, sem análise mais aprofundad­a, que o faxineiro tenha transtorno psicológic­o. “Na maioria das vezes, o crime é comum e não tem relação com doença mental. Ocorre que o estupro é um crime tão agressivo, tão perturbado­r, que as pessoas tendem a achar que só pode ser resultado de um transtorno mental”, explica o psiquiatra Daniel Martins de Barros, colunista do

Perfil

“É comum atribuírem

(estupros) a doenças

(mentais) pois os casos são absurdos, e tudo muito absurdo se acha que só pode ser doença mental. Mas, em geral, agressores não são doentes mentais.” Lisieux Telles

PSIQUIATRA FORENSE

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NA WEB Vídeo. Como o mundo lida com o estupro estadao.com.br/e/videoestup­ro

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