Juiz manda caso Geddel para o Supremo
O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal em Brasília, decidiu ontem remeter ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação sobre o “tesouro perdido” atribuído ao exministro Geddel Vieira Lima, atualmente preso na Papuda. O magistrado alegou na decisão que “há sinais de provas que podem levar ao indiciamento” do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, por lavagem de dinheiro.
A Constituição estabelece que parlamentares têm foro por prerrogativa de função e só podem ser alvo de inquéritos criminais na Corte. Geddel está preso desde a semana passada na Papuda por ordem de Vallisney.
No depoimento prestado à PF, Silvio Antônio Cabral da Silveira, dono do apartamento em Salvador onde foram encontrados R$ 51 milhões em dinheiro atribuídos a Geddel, disse que foi Lúcio quem pediu o imóvel emprestado e que o fez em nome da amizade com o parlamentar, embora não conhecesse Geddel.
Além disso, no local, foi encontrada uma fatura em nome de Marinalva Teixeira de Jesus, apontada como empregada doméstica do deputado.
“Conclui-se que, embora não existam indícios da participação do deputado Lúcio Vieira Lima nos fatos anteriores à apreensão dos valores, porque até agora somente vinculados às pessoas de Geddel Vieira Lima e Gustavo Pedreira, o certo é que, a partir de agora, diante da existência de sinais de provas capazes de levá-lo a eventual indiciamento no delito de lavagem de dinheiro, delito este que até o que se sabe possui relação com o anterior, o processo não poderá prosseguir neste juízo”, escreveu o juiz na decisão.
Caberá aos ministros do Supremo deliberar se toda a investigação correrá na instância superior ou apenas a parte referente a Lúcio. Procurado ontem, o deputado não foi encontrado. A última vez que ele marcou presença no plenário da Câmara foi no dia 4 de setembro, um dia antes da operação em Salvador.