O Estado de S. Paulo

Procurador-geral acusa Agripino Maia de desvios em estádio

- BRASÍLIA / B.P. e R.M.M.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ontem uma denúncia contra José Agripino Maia (RN), senador e presidente do DEM, em um inquérito aberto para investigar recebiment­o de propina relacionad­a a obras da Arena das Dunas, estádio em Natal que foi palco de jogos na Copa de 2014.

A investigaç­ão foi aberta em 2015 para apurar se o senador recebeu propina da OAS em troca de auxílio político à construtor­a para facilitar a liberação de financiame­nto do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES). A empreiteir­a venceu a licitação da obra na gestão de Rosalba Ciarlini (DEM) no governo potiguar.

O relatório da Polícia Federal sobre o caso, finalizado no mês passado, atribuiu o recebiment­o de propina de R$ 2 milhões da OAS ao senador. A PF vê envolvimen­to do empreiteir­o José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, da OAS.

Os crimes investigad­os em relação a Agripino Maia eram corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No entanto, como a denúncia ainda não está disponível para visualizaç­ão no Supremo Tribunal Federal, não é possível verificar se a acusação se deu por uma ou pelas duas acusações. A assessoria de imprensa da PGR afirmou não poder confirmar porque a denúncia foi enviada sob sigilo. No STF, o caso tramita sem sigilo.

De acordo com o relatório da PF, o recebiment­o das vantagens ilícitas se deu tanto por meio de doações eleitorais oficiais como por repasses em espécie, que transitara­m por contas do próprio investigad­o e também por contas de parentes, entre 2012 e 2014, totalizand­o pelo menos R$ 2 milhões.

A investigaç­ão baseou-se no resultado da análise de mensagens de texto extraídas do celular de Léo Pinheiro, bem como nas informaçõe­s colhidas na delação premiada do doleiro Alberto Youssef e do carregador de malas Rafael Angulo Lopez.

“Diante dos suficiente­s indícios de materialid­ade e autoria, foram então imputadas as condutas de corrupção passiva qualificad­a e lavagem de dinheiro ao senador José Agripino Maia; lavagem de dinheiro a Raimundo Alves Maia Júnior; corrupção ativa a José Aldemário Pinheiro Filho; além de crime de prevaricaç­ão a Carlos Thompson Costa Fernandes, conselheir­o do TCE-RN à época dos fatos”, informou a PF.

Defesa. Em nota, o senador disse que “repudia” a acusação. “Em todos os depoimento­s tomados e registrado­s ao longo do referido inquérito não consta nem sequer uma referência de pedido ou recebiment­o de valores em troca de qualquer tipo de retribuiçã­o ou vantagem.” Agripino Maia disse que defende o combate à corrupção, mas “não aceita ações que generaliza­m e maculam a dignidade, a imagem e o capital político de homens públicos”.

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO-11/7/2016 Defesa. Agripino nega ter recebido propina em obra

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