O Estado de S. Paulo

Mulher de Mujica torna-se vice no Uruguai

Lucía Topolansky assume o cargo após a renúncia de Raúl Sendic, envolvido em escândalo de corrupção

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A ex-primeira-dama e ex-guerrilhei­ra Lucía Topolansky, de 72 anos, assumiu ontem o cargo de vice-presidente do Uruguai, após a renúncia de Raúl Sendic no sábado. Ela também presidirá a Assembleia-Geral (deputados e senadores), posto exercido pelo vice-presidente.

Topolansky, que foi primeira-dama durante o governo do marido, José Mujica (20102015), integra o Movimento de Participaç­ão Popular (MPP) dentro da coalizão de esquerda que governa no Uruguai, a Frente Ampla. Ela entrou na linha de sucessão presidenci­al porque foi a segunda senadora mais votada nas últimas eleições, em 2014. Topolansky chegou a ser cotada para disputar a presidênci­a e suceder ao marido.

Mujica, líder do MPP, não pode exercer a vice-presidênci­a porque a Constituiç­ão do Uruguai impede um ex-presidente de ocupar novamente um cargo de alto escalão por até cinco anos após deixar a chefia de Estado.

A ex-guerrilhei­ra, que integrou o Movimento de Libertação Nacional Tupamaros, passou 13 anos presa pouco antes do golpe de Estado de 1973. Ela é a primeira mulher a ocupar a vice-presidênci­a no Uruguai. A senadora disse que não está contente em assumir o cargo porque se trata de uma circunstân­cia indesejada, ocorrida em razão da renúncia de Sendic, que se envolveu em um escândalo pelo uso de cartões corporativ­os quando era diretor da petroleira estatal Ancap, e em razão de um título acadêmico que não tinha.

O especialis­ta Adolfo Garcé acredita que o partido de Mujica aumentará seus poderes. “Além de quatro senadores, o MPP terá um cargo a mais. A vice-presidênci­a é importante. Pouco visível para a opinião pública, mas muito importante para a dinâmica política do governo”, explicou Garcé. Segundo o especialis­ta em ciências políticas, a vicepresid­ência “constitui uma ponte” entre o Executivo e o Legislativ­o. “Ela será a mão direita do presidente e presidirá a Assembleia-Geral.”

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RAÚL MARTÍNEZ/EFE Volta ao poder. Mujica e Lucía Topolansky: mais votados

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