Calor após Irma mata oito idosos na Flórida
Asilo ficou sem energia com passagem de furacão e falta de refrigeração levou à morte de pacientes
Efeitos da passagem do furacão Irma pela Flórida, como o colapso no fornecimento de energia no Estado, provocaram ontem a morte de oito idosos em uma casa de repouso da região, em razão do calor excessivo. Sem ar-condicionado e outros sistemas de refrigeração, os residentes morreram, segundo a polícia local.
Mais de 4 milhões de residências e lojas ainda não tinham eletricidade no Estado, onde vive um grande número de aposentados e são comuns as temperaturas superiores aos 30º C e forte umidade. Segundo Tomás Sánchez, chefe de polícia de Hollywood, cidade ao norte de Miami onde se localiza a casa de repouso para idosos, se essas vítimas forem acrescentadas oficialmente à cifra de mortos pelo Irma, o balanço provisório será de 20 na Flórida e quase 40 no Caribe.
“Esta situação é inimaginável”, disse o governador da Flórida, Rick Scott, que exigiu respostas sobre o fato. “Peço a todos os serviços de emergência que verifiquem imediatamente se os lares de idosos e de assistência são capazes de garantir a segurança de seus moradores.”
Cerca de 120 idosos foram retirados da residência por causa do intenso calor e da ausência de eletricidade. Mais ao sul, a reabertura da estrada para Key West permitiu que os moradores começassem a retornar às ilhas do sul do Estado, onde 85% das casas foram destruídas ou danificadas, segundo a Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema).
“O mais difícil é não ter água ou eletricidade e não saber quando voltará”, disse Stasia Walsh, de 70 anos, cujo terreno na cidade de Naples foi gravemente atingido pelo Irma.
Ontem, o aeroporto de Miami ainda operava com 50% de sua capacidade, mesmo três dias após o furacão. A tempestade também provocou danos e mortes em pequenas ilhas do Caribe e em Cuba.
Como costuma ocorrer nos Estados Unidos depois de catástrofes semelhantes, dezenas de celebridades participaram, na terça-feira à noite, de um “Teleton” que arrecadou US$ 44 milhões para os atingidos pelo furacão Irma e também pelo Harvey, que passou pelo Texas no fim de agosto e provocou gigantescas inundações.
O programa, que contou com o cantor Justin Bieber, os atores George Clooney, Robert de Niro e Julia Roberts, motivou alguns ataques ao presidente americano, Donald Trump, e o fato de ele rejeitar a existência das mudanças climáticas. “Qualquer um que acredite que o aquecimento global não existe deve ser cego ou estúpido”, declarou o cantor Stevie Wonder, que é cego, em tom irônico. “Os efeitos das mudanças climáticas se manifestam em todo o mundo, todos os dias”, afirmou a cantora Beyoncé em uma mensagem de vídeo.
Trump, que deve viajar para a Flórida para avaliar os danos pessoalmente, aproveitou o impacto dos furacões para defender seu projeto político. “Com a devastação do Irma e do Harvey, os cortes de impostos e a reforma tributária são mais necessários do que nunca”, tuitou o presidente. Antes da passagens dos furacões pelos Estados Unidos, o governo americano cortou parte da verba da Fema para proteção contra catástrofes naturais.