O Estado de S. Paulo

Senado aprova que preso pague tornozelei­ra

- Renan Truffi Thiago Faria / BRASÍLIA

A Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem o projeto de lei que altera a Lei de Execução Penal, para prever que despesas com monitorame­nto eletrônico sejam bancadas pelo condenado. A matéria tem caráter terminativ­o – se não houver recurso para votação em plenário, seguirá diretament­e para a Câmara.

De 18 senadores da CCJ na sessão, 17 votaram a favor. Por presidir a sessão, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) não registrou posição. O autor do projeto é o senador Paulo Bauer (PSDB-SC).

O projeto autoriza ainda que o pagamento das despesas de monitorame­nto eletrônico seja descontado da remuneraçã­o do trabalho do preso.

Uma das justificat­ivas tem como base os dados do primeiro diagnóstic­o nacional sobre monitoraçã­o eletrônica do Departamen­to Penitenciá­rio Nacional (Depen). O estudo mostra que há mais de 18 mil pessoas sob vigilância e um gasto médio de R$ 300 por mês para monitorar cada condenado.

“Os recursos investidos nesse programa, por volta de R$ 23 milhões, podem abrigar até 40 mil pessoas, sendo que há convênios com 22 unidades da federação. Nos convênios, os preços para a aquisição de tornozelei­ras podem variar de R$ 167 a R$ 660 a unidade", disse Bauer, ao apresentar a proposta.

Crítica. Ex-diretora de Políticas Penitenciá­rias do Depen, Valdirene Daufemback discorda da ideia, que “pode ter resultado final inverso ao desejado, ao prolongar a prisão e seus custos” de detentos que não têm como pagar pela tornozelei­ra. A medida, diz, tende a beneficiar só presos com maior poder aquisitivo – a minoria.

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