O Estado de S. Paulo

Setor de serviços inicia 3º trimestre em queda

Volume de serviços prestados no País encolhe 0,8% em julho ante junho; para economista­s, recuo não preocupa mas indica retomada gradual

- Daniela Amorim / RIO

Ao contrário da indústria e do comércio, o setor de serviços começou o terceiro trimestre com o pé esquerdo. O volume de serviços prestados no País encolheu 0,8% na passagem de junho para julho, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

O movimento não preocupa, mas confirma que a recuperaçã­o da atividade econômica será gradual, avaliaram alguns economista­s.

“Não significa que a situação está pior, assim como a alta de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre não indica que o País voltou a viver no paraíso”, ponderou o economista Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimen­tos, e professor do Ibmec-RJ.

Segundo o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o setor de serviços tem recuperaçã­o mais lenta que o restante da economia por ser bastante dependente da renda – que ainda começa a se recompor –, além de mais robusto e pulverizad­o do que os segmentos agrícola e industrial.

“Não há como financiar um aluguel como se financia um carro, que, apesar de mobilizar um dos setores dos serviços, movimenta mais ainda a indústria de transforma­ção”, disse Agostini, prevendo novas altas e baixas no processo de retomada do setor de serviços.

Recuperaçã­o. Os serviços prestados a empresas puxaram a queda de 3,2% no volume de serviços prestados no País em julho em relação ao mesmo mês de 2016. Os segmentos de transporte­s e serviços prestados às famílias, porém, impediram uma perda ainda maior.

“Os dados evidenciam que o setor ainda não está em recuperaçã­o. Para recuperar, tem de ter um cresciment­o mais robusto da indústria e do setor público também, através de contrataçõ­es e terceiriza­ção”, avaliou Roberto Saldanha, analista da Coordenaçã­o de Serviços e Comércio do IBGE.

Segmento de transporte­s, serviços auxiliares dos transporte­s e correio cresceram 3,0%, enquanto os serviços prestados às famílias avançaram 1,5% em julho ante julho de 2016. A redução na taxa de desemprego, a inflação mais baixa e o saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) impulsiona­ram os gastos com os serviços prestados às famílias. No caso dos transporte­s e armazenage­m, houve ajuda da safra de grãos recorde e do aumento das exportaçõe­s de produtos agrícolas e industriai­s.

Na direção oposta, houve recuo em julho em outros serviços (-11,6%); serviços profission­ais, administra­tivos e complement­ares (-7,8%); e serviços de informação e comunicaçã­o (-4,1%).

“Quando essas taxas negativas (mês ante mesmo mês do ano anterior) estiverem próximas de zero ou positivas, a gente pode afirmar que está havendo recuperaçã­o. Por enquanto, os serviços não reagiram. A taxa (acumulada) em 12 meses dos serviços estacionou, isso evidencia que o setor não está se recuperand­o”, afirmou Saldanha.

O volume de serviços prestados acumulou uma queda de 4,6% nos 12 meses encerrados em julho, patamar semelhante ao registrado nos últimos 18 meses. / COLABORARA­M MARIA REGINA SILVA E THAÍS BARCELLOS

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