Setor de serviços inicia 3º trimestre em queda
Volume de serviços prestados no País encolhe 0,8% em julho ante junho; para economistas, recuo não preocupa mas indica retomada gradual
Ao contrário da indústria e do comércio, o setor de serviços começou o terceiro trimestre com o pé esquerdo. O volume de serviços prestados no País encolheu 0,8% na passagem de junho para julho, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O movimento não preocupa, mas confirma que a recuperação da atividade econômica será gradual, avaliaram alguns economistas.
“Não significa que a situação está pior, assim como a alta de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre não indica que o País voltou a viver no paraíso”, ponderou o economista Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos, e professor do Ibmec-RJ.
Segundo o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o setor de serviços tem recuperação mais lenta que o restante da economia por ser bastante dependente da renda – que ainda começa a se recompor –, além de mais robusto e pulverizado do que os segmentos agrícola e industrial.
“Não há como financiar um aluguel como se financia um carro, que, apesar de mobilizar um dos setores dos serviços, movimenta mais ainda a indústria de transformação”, disse Agostini, prevendo novas altas e baixas no processo de retomada do setor de serviços.
Recuperação. Os serviços prestados a empresas puxaram a queda de 3,2% no volume de serviços prestados no País em julho em relação ao mesmo mês de 2016. Os segmentos de transportes e serviços prestados às famílias, porém, impediram uma perda ainda maior.
“Os dados evidenciam que o setor ainda não está em recuperação. Para recuperar, tem de ter um crescimento mais robusto da indústria e do setor público também, através de contratações e terceirização”, avaliou Roberto Saldanha, analista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
Segmento de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio cresceram 3,0%, enquanto os serviços prestados às famílias avançaram 1,5% em julho ante julho de 2016. A redução na taxa de desemprego, a inflação mais baixa e o saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) impulsionaram os gastos com os serviços prestados às famílias. No caso dos transportes e armazenagem, houve ajuda da safra de grãos recorde e do aumento das exportações de produtos agrícolas e industriais.
Na direção oposta, houve recuo em julho em outros serviços (-11,6%); serviços profissionais, administrativos e complementares (-7,8%); e serviços de informação e comunicação (-4,1%).
“Quando essas taxas negativas (mês ante mesmo mês do ano anterior) estiverem próximas de zero ou positivas, a gente pode afirmar que está havendo recuperação. Por enquanto, os serviços não reagiram. A taxa (acumulada) em 12 meses dos serviços estacionou, isso evidencia que o setor não está se recuperando”, afirmou Saldanha.
O volume de serviços prestados acumulou uma queda de 4,6% nos 12 meses encerrados em julho, patamar semelhante ao registrado nos últimos 18 meses. / COLABORARAM MARIA REGINA SILVA E THAÍS BARCELLOS