O Estado de S. Paulo

Governo abre PDV para servidores do Executivo

Expectativ­a é que 5 mil funcionári­os façam adesão, até 31 de dezembro; programa deve garantir economia de R$ 1 bilhão para a União em 2018

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA / COLABOROU LUCI RIBEIRO

O governo federal abriu ontem a adesão ao Programa de Desligamen­to Voluntário (PDV) para os servidores públicos do Executivo, que seguirá até 31 de dezembro. A previsão do governo é que cerca de 5 mil funcionári­os peçam o benefício – eles receberão como incentivo 1,25 salário por ano trabalhado.

Desde ontem, servidores também podem pedir licença incentivad­a sem remuneraçã­o, o que poderá ser feito até o fim de 2018, e a redução da jornada de trabalho de 8 horas diárias para 4 ou 6 horas, benefício que não terá prazo para ser solicitado.

A expectativ­a do governo é economizar R$ 1 bilhão em 2018 com as medidas. Haverá restrições para algumas carreiras. Médicos peritos do INSS não poderão pedir nenhum dos benefícios. A adesão ao PDV é limitada a 5% do total de cargos para carreiras como advogados da União, policiais federais, auditores da Receita Federal e procurador­es do Banco Central.

O ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, disse que o governo fará campanha para aumentar a adesão ao PDV. “Os níveis de adesão no Brasil a esses programas são inferiores aos de outros países”, afirmou.

Segundo Oliveira, não haverá quebra dos direitos adquiridos dos servidores e lembrou que o governo não fará demissões, como no governo do ex-presidente Fernando Collor, quando funcionári­os públicos foram demitidos e conseguira­m na Justiça o direito de serem reintegrad­os. “A experiênci­a do governo Collor não foi exitosa, as demissões foram unilaterai­s e acabaram resultando em prejuízo.”

Até o fim do mês, o governo deverá enviar ao Congresso outras medidas para redução de gastos com servidores, como o adiamento do reajuste, mudança na contribuiç­ão de Previdênci­a e reestrutur­ação das carreiras do Executivo. O ministro afirmou que isso ainda não foi feito porque os textos serão mandados com a mensagem modificati­va do projeto de Lei Orçamentár­ia de 2018.

Como o governo só conseguiu aprovar a mudança da meta de 2018 depois de enviar o Projeto de Lei Orçamentár­ia Anual, o que tinha que ser feito até 31 de agosto, será necessária a mensagem para alterar o projeto. O presidente Michel Temer sancionou ontem o projeto que alterou a meta, o que faltava para o envio da mensagem modificati­va.

Também será enviado até o fim do mês o projeto que reestrutur­a carreiras do Executivo, com limitação do salário inicial a R$ 5 mil. Oliveira explicou que a restrição não se aplicará a professore­s universitá­rios, que entram ganhando R$ 5.130. “Nenhuma carreira entrará ganhando mais do que professor universitá­rio, não é apropriado.”

Ele ressaltou que 39% dos servidores se aposentarã­o nos próximos 10 anos e que o governo não teria condições de repor essas perdas com os atuais salários. Com a redução, disse, será possível retomar a realização de concursos.

Incentivos. Quem aderir ao PDV receberá como incentivo o valor de 1,25 salário mensal por ano trabalhado, pago em parcelas que não ultrapasse­m a remuneraçã­o atual. Para a redução da jornada, o servidor receberá o pagamento adicional de meia hora diária, além de poder acumular outra atividade profission­al com o serviço público. A licença sem remuneraçã­o será incentivad­a com o pagamento de três salários. O afastament­o será de três anos, prorrogáve­is por mais três a pedido do funcionári­o.

Salário inicial • “Nenhuma carreira entrará ganhando mais do que professor universitá­rio, não é apropriado.” Dyogo Oliveira

MINISTRO DO

PLANEJAMEN­TO

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FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

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