Desbravadoras do Norte
Consistência e solidez marcam o perfil das empresas que não se abalam com a distância dos grandes centros brasileiros
Na região Norte, o ranking Estadão Empresas Mais
destacou empresas que ignoram a distância dos maiores centros e prosperam nas mais diversas áreas de atuação. Principal destaque, a Atem Distribuidora de Combustíveis é um exemplo: é a décima maior do País em número de postos de combustíveis, com mais de 280 franqueados e um volume de 800 milhões de litros comercializados em 2016. Criada em 1995, ela foi oficialmente constituída cinco anos depois e, em 2009, iniciou as operações em Manaus e, em 2013, em Porto Velho. Em 2016, recorreu até mesmo à importação de combustíveis para atender o mercado local. Se engana quem acha que o crescimento parou por aí. Neste ano, a Atem abriu novas bases de distribuição em Rondônia, Acre, Pará e Mato Grosso, ampliando ainda mais a presença na região.
A empresa está investindo na construção de dois TUPs (Terminais de Uso Privado). O primeiro, na zona portuária de Manaus, vai operar com sistemas logísticos inteligentes e terá capacidade de movimentar 2 bilhões de litros de combustível por ano.
O segundo destaque da região foi a Mineração Rio do Norte (MRN), hoje a maior produtora de bauxita do Brasil. Criada em 1979, a MRN opera no oeste do Pará e vem colhendo bons resultados. Em 2016, bateu seus recordes de produção e segurança, chegando a 18,2 milhões de toneladas de bauxita e fechando o ano com a menor taxa de frequência de aci- dentes de sua história. Para a empresa, os resultados são consequência do comprometimento dos empregados com o atingimento das metas, sobretudo na redução dos custos. Este ano de 2017 foi dedicado à continuidade do licenciamento do plano operacional da MRN, que envolve a abertura de novas minas de bauxita localizadas na área onde a companhia já atua. Além disso, planeja continuar investindo na melhoria de seus indicadores de segurança, com o objetivo de fazer da MRN um ambiente de trabalho totalmente livre de ocorrências.
Em outra frente, a MRN também investe no desenvolvimento dos municípios localizados em sua área de atuação. Um exemplo é o programa Territórios Sustentáveis, que reúne iniciativa privada, poder público e sociedade civil, com o objetivo de fazer com que os municípios de Oriximiná, Terra Santa e Faro se desenvolvam de forma autônoma e participativa, com economia diversificada e administração pública fortalecida. O programa, que já recebeu R$ 4,1 milhões da MRN, foi iniciado em 2015 e deve durar 15 anos. Suas atividades são desenvolvidas por três Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), com atuação reconhecida na região amazônica.
O terceiro destaque da região vem da área financeira: o Banco da Amazônia. Com 75 anos de atuação na região, o banco terminou o ano de 2016 com lucro líquido de R$ 130,6 milhões e patrimônio líquido de R$ 1,9 bilhão. O presidente, Marivaldo Gonçalves de Melo, celebra o resultado, principalmente diante da crise econômica pela qual o Brasil passou por todo o ano passado. Ele lembra que o banco terminou o exercício contratando mais de R$ 2,79 bilhões, em aproximadamente 30 mil operações. E conseguiu reduzir em 1,65% suas despesas administrativas, graças a um sistema de governança robusto. Melo atribui os bons resultados ao trabalho do time de profissionais do banco: “Tivemos que inovar para buscar os melhores resultados, sem comprometer o atendimento dos nossos clientes, renegociando dívidas de acordo com as boas práticas bancárias”. Para ele, o maior desafio do banco é a inclusão de pequenas companhias no sistema produtivo: “Destinamos 73% de nossas operações para esses negócios, em parceria com o Sebrae, Estados, cooperativas e empresas integradoras”.
Para este ano, o foco do Banco da Amazônia é permitir que os empreendedores tenham repostas rápidas dentro de suas expectativas. Para isso, segundo seu presidente, está modificando todas as suas plataformas de atendimento e investindo mais R$ 4,5 bilhões em aplicações de crédito. “Esperamos que, até o fim do ano, o empreendedor possa fazer até mesmo a simulação de parcelamento do FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte), via plataforma digital.” O Banco da Amazônia investiu mais de R$ 72 milhões em tecnologia em 2016, aumento de mais de 100% em relação ao ano anterior.
De acordo com Melo, não há no País outra instituição financeira que conheça a Amazônia e suas necessidades. Isso, diz ele, se traduz no atendimento a todos os 722 municípios da Amazônia Legal e mais de 120 unidades de atendimento. “Acreditamos no potencial de geração de negócios sustentáveis da Amazônia, com investimentos em recuperação de pastagens, aumentando a capacidade de suporte forrageiro para diminuir a pressão do desmatamento, sistemas agroflorestais, agroecologia, fármacos, biocosméticos, manejo florestal e verticalização das cadeias produtivas.”