O Estado de S. Paulo

Confusão marca voto decisivo de Cármen Lúcia

- / BEATRIZ BULLA, BRENO PIRES e IGOR GADELHA

Ao desempatar o julgamento de ontem, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, acabou reabrindo as discussões entre os ministros justamente no momento em que já poderia encerrar a sessão, por volta das 21h20. Houve divergênci­as no plenário e confusão entre os presentes – Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso já tinham deixado o local.

Ao declarar seu voto, Cármen Lúcia disse que concordava praticamen­te em tudo com o relator Edson Fachin, que se posicionou contra o aval do Congresso, com exceção de um caso – quando houvesse afastament­o de parlamenta­r, a decisão judicial seria submetida ao Legislativ­o.

“Se decidirmos só sobre afastament­o, o impasse continuará sobre outras cautelares”, destacou o ministro Ricardo Lewandowsk­i.

Neste momento, Fachin disse que se declarava voto vencido. “O ponto de divergênci­a de Vossa Excelência é o ponto central do meu voto, portanto sou voto vencido”, afirmou Fachin a Cármen. Mas a presidente do Supremo disse que seria necessário “chegar a um voto médio”. “Não há voto médio”, rebateu Fachin. A partir daí, a discussão foi retomada por cerca de 20 minutos.

Em meio aos debates, Cármen declarou que havia dez votos no sentido de que medidas cautelares previstas no Código de Processo Penal são aplicáveis a parlamenta­res. O único que deixou claro o voto contrário nesse caso foi Marco Aurélio Mello.

Em seguida, os ministros discutiram, então, a possibilid­ade de revisão pelo Congresso de medidas cautelares que impedissem o exercício do mandato, como apreensão do passaporte.

Prevaleceu a proposta de Alexandre de Moraes de que tanto o afastament­o quanto outras medidas que afetassem “direta ou indiretame­nte o exercício do mandato a parlamenta­res” poderiam ser encaminhad­as para a análise do Poder Legislativ­o. Finalizada a polêmica, Cármen Lúcia encerrou a sessão às 22h02.

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