O Estado de S. Paulo

País corre risco de não ter Fies em 2018, diz relator

Alex Canziani fez alerta depois de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ter ameaçado não pôr em votação nenhuma MP do governo

- Eduardo Rodrigues Carla Araújo Fabrício de Castro / BRASÍLIA

Após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ter ameaçado não pôr mais em votação as medidas provisória­s do governo Michel Temer, o relator da MP 785 – da reforma do Fies –, Alex Canziani (PTBPR), defendeu ontem a urgência e a relevância de se aprovar as mudanças propostas no programa de financiame­nto estudantil.

“Acredito que o presidente Rodrigo Maia fez uma crítica às MPs que não são urgentes ou relevantes. Mas, se não aprovarmos a MP do Fies, não vai ter o programa em 2018”, alertou o relator. “Maia sabe da importânci­a do Fies para o País”, acrescento­u, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Se for necessário, Canziani vai procurar pessoalmen­te Maia para pedir que o presidente da Casa paute a MP. “Tratase de uma medida muito importante não apenas para o Ministério da Educação – do ministro Mendonça Filho, que é do partido de Maia –, mas para todo o ensino superior do País.”

O relator da MP 795 – que muda a tributação do setor de petróleo –, deputado Julio Lopes (PP-RJ), também defendeu a votação da medida que reestrutur­a o Repetro com incentivos tributário­s para a cadeia petrolífer­a. “É fundamenta­l para o setor que tenhamos regras tributária­s claras para trazer mais segurança jurídica. Conhecendo a responsabi­lidade do presidente Rodrigo Maia com o Brasil e com o Estado do Rio de Janeiro, não vejo como ele não iria conduzir os trabalhos em prol da aprovação dessa medida.”

Leniência. Após o revés político sofrido no plenário da Câmara dos Deputados na terça-feira, o Banco Central (BC) ainda tentava ontem pela manhã reverter o fracasso da votação da Medida Provisória 784, que permite ao governo fechar acordos de leniência com instituiçõ­es financeira­s.

Os diretores de Relacionam­ento Institucio­nal, Isaac Sidney, e de Organizaçã­o do Sistema Financeiro, Sidnei Corrêa Marques, foram até o Palácio do Planalto para uma reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. A intenção era discutir os próximos passos, depois que Maia indicou que não pretende mais pautar a MP, que caduca no dia 19.

Para piorar, Maia indicou que não pretende mais pautar MPs na Casa até que seja votada uma Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) que regulament­a as medidas provisória­s. O BC ainda tentava ontem algum arranjo com o Planalto para convencer Maia a votar a MP. Fontes do Palácio, no entanto, viam pouco espaço para isso.

Resultado de anos de estudos dentro da instituiçã­o, a proposta foi alvo de críticas. A iniciativa foi vista por setores da oposição e do Ministério Público Federal (MPF) como uma tentativa do governo de blindar as instituiçõ­es financeira­s contra a Operação Lava Jato, que na época se aproximava de bancos.

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