O Estado de S. Paulo

Brasil e Argentina puxarão PIB da região este ano

- Cláudia Trevisan CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

Depois de uma desacelera­ção de seis anos e uma contração econômica de 1,3% em 2016, a América Latina e o Caribe voltarão a crescer a partir deste ano, puxados pela expansão da Argentina e do Brasil, previu rela- tório sobre a região divulgado ontem pelo Banco Mundial. Mas a fragilidad­e fiscal continua a ser a principal debilidade da região, com déficits em quase todos os países, o que demanda programas de ajuste.

Usando projeções do mercado, a instituiçã­o espera aumento do PIB de 1,2% em 2017 e de 2,3% em 2018. O estudo diz que o movimento será impulsiona­do pela “robusta recuperaçã­o” nos dois principais sócios do Mercosul. O Brasil deverá registrar expansão de 0,6% neste ano e de 2,3% no próximo. Na Argentina, os índices esperados são de 2,8% e 3,0%, respectiva­mente.

A frágil situação fiscal da maioria dos países é o principal risco do ponto de vista macroeconô­mico, disse o relatório. Dos 32 países analisados, 28 terão um balanço negativo em 2017. Na América do Sul, o déficit fiscal médio será de 6% do PIB, depois de um cresciment­o de 5,1 pontos porcentuai­s de 2011 a 2017. No Brasil, o déficit deve ficar pouco acima de 8% do PIB, segundo as projeções do Banco Mundial. O índice esperado para México, América Central e Caribe é de 1,5%.

O desequilíb­rio levou ao aumento da dívida pública na maioria dos países, para uma média de 59% do PIB. Com um índice de quase 80%, o Brasil está entre os 16 países que supe- ram esse patamar. Na avaliação da instituiçã­o multilater­al, o País precisará de um ajuste fiscal equivalent­e a 7% do PIB para estabiliza­r a trajetória da dívida, o terceiro maior porcentual, atrás apenas de Trinidad e Tobago e Equador. Mas o economista-chefe da instituiçã­o para re- gião, Carlos Vegh, ressaltou que é necessário gradualism­o nesse processo, em razão do baixo nível de cresciment­o da região. “Não é preciso um choque.”

Na avaliação do Banco Mundial, fatores externos, como o preço de commoditie­s, terão impacto “neutro” sobre a evolução do PIB, o que demandará o fortalecim­ento de fontes domésticas de cresciment­o. “Reformas no mercado de trabalho e educação, mais gastos em infraestru­tura e o enfrentame­nto da situação fiscal serão chave.”

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